Fortaleza
enfrenta uma série de problemas relacionados à questão do trânsito. Com o
"boom" imobiliário e as inúmeras intervenções realizadas visando à Copa
do Mundo de 2014, o saturado trânsito da Capital fica ainda mais prejudicado
quando tem de disputar espaço com caminhões que insistem em circular pelas vias
em horários proibidos.
Na manhã
de quarta feira (26), quatro veículos estacionados na Rua Leonardo Mota, no
bairro Aldeota, geraram verdadeiro caos, atrapalhando motoristas. Apesar da
fiscalização, esse tipo de infração é frequente
Para
minimizar os transtornos, Arcelino Lima, chefe do Núcleo de Trânsito da
Autarquia Municipal de Trânsito, Serviços Públicos e de Cidadania de Fortaleza
(AMC), avisa que foi aberto um processo licitatório para escolha da empresa que
irá elaborar um Plano de Circulação de Carga de Fortaleza. O nome da empresa
vencedora será divulgado em 15 dias. Ela terá o prazo de 12 meses para construir
o Plano.
O
documento irá discriminar em quais vias os caminhões poderão circular, os
horários e locais de carga e descarga. O chefe do Núcleo de Trânsito da AMC
explica que o órgão não pode, simplesmente, impedir a entrada desses veículos,
visto que isso criaria um colapso no sistema de distribuição de carga na
cidade. "Fica complicado tanto para a população quanto para a economia. As
mercadorias têm de circular", reforça Lima. Com a elaboração de um Plano,
a ideia é que o poder público possa conhecer de forma detalhada por onde
circula essa carga em Fortaleza.
Na manhã
de terça feira (25), por exemplo, quatro caminhões, sendo três betoneiras, causaram
verdadeiro caos na Rua Leonardo Mota, Aldeota. Apesar de a portaria nº 08/2010
da Prefeitura estabelecer restrições na circulação de caminhões com tara acima
de 2,5 toneladas em algumas ruas do Centro, Aldeota e Meireles, motoristas
circulam, livremente, desobedecendo à legislação e gerando transtornos.
Apesar de
não querer divulgar dados do número de autuações, a Autarquia Municipal admite
que o problema existe e que são muitas as multas aplicadas pela infração,
considerada média e que custa R$ 85,00.
Por conta
disso, Ademar Gondim, presidente da Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza
(Etufor), informa que as faixas prioritárias para ônibus, que deverão estar em
funcionamento na Avenida Bezerra de Menezes em julho, irão contemplar os
caminhões de carga. O assunto será discutido na próxima semana, com o
presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas do Ceará
(Setcarce).
De acordo
com informações do Setcarce circulam, por dia, na Capital, em torno de dois mil
caminhões. "O número é elevado, mas eles não estão concentrados num só
local", justifica Clóvis Nogueira, presidente do Sindicato. Ele acrescenta
que esse processo ocorre porque Fortaleza está se desenvolvendo.
Vilão
Para
Nadja Dutra, professora do Departamento de Engenharia de Transportes da
Universidade Federal do Ceará (UFC), o uso indiscriminado do automóvel
tornou-se, na verdade, o grande vilão das cidades, e não necessariamente os
caminhões.
"Pelo
fato de a população não perceber no sistema público de transporte uma
alternativa viável para seus principais deslocamentos diários, acaba, então,
buscando meios supostamente mais rápidos, eficientes e cômodos, como o veículo
individual", explica. Nadja acrescenta que é preciso pensar a cidade de
forma integrada e sistêmica, e que a organização deve acontecer de forma a
contemplar a todos, priorizando o transporte coletivo.
Fonte: Diário do Nordeste – CE