Cidades
vizinhas de São Paulo, entidades empresariais, como a Fiesp, e o governo do
Estado vão pressionar o prefeito Gilberto Kassab (PSD) a amenizar a restrição à
circulação de caminhões.
A ideia é
adaptar horários de proibição e tamanhos dos veículos liberados à restrição que
será implantada nos outros 38 municípios da região.
Grupo de
trabalho criado pela Secretaria de Desenvolvimento Metropolitano para
padronizar medidas restritivas prevê que haja proibição das 6h às 9h e das 17h
às 20h. Na marginal Tietê, é das 5h às 9h e das 17h às 22h.
Outro
ponto acertado é que serão permitidos VUCs (veículos utilitários de carga) de
até 7,20 m x 2,30 m -na capital, o limite é 6,30 m x 2,30 m.
A escalada
de restrições adotadas por Kassab desde 2008 -visando melhorar o tráfego
urbano- teve impactos nas cidades vizinhas e provocou reação em cascata.
Seis
municípios adotaram a restrição após a iniciativa paulistana -cada uma com
horário diferente, o que afeta o abastecimento da região.
A reação
metropolitana visou impedir o uso de vias locais por caminhões em busca de
rotas alternativas ou de estacionamentos à espera da liberação das vias na
capital.
Em seis
reuniões, o grupo, com prefeitos e representantes da Fiesp e sindicatos, não
obteve consenso porque a Secretaria dos Transportes da capital não se
comprometeu.
A pasta
diz manter o representante e que "busca sempre aprimorar as medidas de
regulamentação de trânsito".
Pressão -
A maior pressão sobre Kassab virá de Edson Aparecido, ex-secretário de
Desenvolvimento Metropolitano, que criou o grupo e agora coordena a campanha
aliada de José Serra (PSDB) à prefeitura.
A pressão
oficial deve ocorrer em agosto, na reunião do Conselho de Desenvolvimento
Metropolitano, presidido por Kassab. "Vamos tentar um acordo", afirma
o prefeito de Osasco, Emidio de Souza (PT), vice-presidente.
A medida
será um teste para o órgão, criado em 2010. "É o primeiro grande tema que
vai ser enfrentado de forma concreta", diz Souza. "É um teste
positivo", avalia Ana Lúcia Rodrigues de Carvalho, assessora da Emplasa,
empresa de planejamento do Estado que coordenou o grupo.
Para João
Ricardo Guimarães Caetano, secretário-executivo do Consórcio Intermunicipal
Grande ABC, que reúne as prefeituras da região, falta um plano de mobilidade
metropolitano. "Não adianta uma cidade adotar medidas de reorganização do
tráfego e a vizinha não adotar ou adotar uma diferente."
O ABC
iria implantar a restrição em abril, mas decidiu levar o caso ao conselho.
"As cidades são interligadas. Políticas restritivas têm de ser discutidas
em conjunto",diz o prefeito de São Caetano do Sul, José Auricchio Jr.
(PTB).
Sindicato
defende padrão e corredor na marginal Tietê - Ao contrário do início do ano,
quando lutaram contra a restrição na marginal Tietê, empresas de cargas agora
apoiam a medida na região metropolitana, desde que seja padronizada.
"Há
restrição em 11 vias de Diadema, cujo horário não é compatível com o de Osasco
nem com o de São Paulo", diz Manoel Sousa Lima Júnior, vice-presidente do
Setcesp (Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas de SP).
"Temos
de padronizar as restrições porque elas estão comprometendo o
abastecimento", afirma.
"O
primeiro interesse é a padronização. Falta convencer São Paulo, onde há impacto
maior", diz Ana Lúcia Rodrigues de Carvalho, assessora da Emplasa.
Outra
proposta do Setcesp que será debatida é a criação de um corredor para caminhões
na pista expressa da marginal Tietê, entre a Anhanguera e Dutra. Temporário, o
corredor seria desativado com o término Rodoanel norte, que faz a mesma
ligação.
Fonte: Folha de S.Paulo