A maior
expansão econômica da Baixada Santista em 50 anos vai atrair 400 mil pessoas
para a região até 2020. Isso equivale ao surgimento de uma nova cidade de
Santos num prazo de oito anos.
Com 1,6
milhão de habitantes, a região metropolitana da Baixada, que congrega nove
municípios e onde está situada parte da maior porção contínua de mata atlântica
preservada do país, vive uma febre de investimentos.
Novo
ciclo terá de pagar conta de falta de planejamento integrado
As
estimativas do poder público apontam a cifra de R$ 22 bilhões, já
radiografados. Grande parte desse dinheiro será aplicada no porto de Santos, o
maior complexo portuário do país.
Nessa conta,
entretanto, também estão os primeiros empreendimentos da Petrobras na região.
Santos será o quartel-general do pré-sal e a chegada forte da estatal
desencadeou uma corrida imobiliária sem precedentes.
Corrida
que fez triplicar o valor dos terrenos e duplicar o valor do metro quadrado
construído em áreas nobres.
Em
Santos, 77 edifícios foram construídos entre 2005 e 2011 e outros 134 projetos
estão em obras; a prefeitura avalia se libera outros 77.
No porto,
local em que o plano é mais do que duplicar a capacidade para trânsito de carga
até 2024, dois grandes terminais de contêineres estão em construção. São
projetos que devem manter Santos como a principal porta de entrada e saída num
raio de cerca de 1.000 quilômetros.
DESAFIO
Espremida
entre o mar e o paredão da serra, a Baixada Santista tem imensos desafios. Os
novos investimentos vão encontrar uma região com problemas ambientais e
sociais. Hospitais, escolas e força policial hoje não são suficientes para
atender a demanda prevista; já há deficit de moradias, e o transporte público
regional é precário.
A
ocupação irregular em morros ou à beira-mar é comum. No Guarujá, duas ocupações
simbolizam décadas do descaso do poder público e como expansão econômica não
significa, necessariamente, equidade social.
As
favelas da Conceiçãozinha e da Prainha estão dentro do porto, margem esquerda
do estuário. Alvo do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a remoção dos
moradores não avança.
A
situação das mais de 1.500 famílias é de absoluta precariedade. Porta de saída
do agronegócio, parte dos 25% do comércio exterior nacional cruza diariamente a
favela. Trens com mais de 60 vagões de soja ou de contêineres ameaçam homens,
mulheres e, sobretudo, crianças.
"É
triste, mas a prometida remoção das famílias atrasou. É problema com a
construtora, é mudança de projeto, é erro no cálculo da terraplenagem",
diz Carlos Souza, o Carlinhos, líder da Prainha.
A
prefeita do Guarujá, Maria Antonieta de Brito (PMDB), diz que há plano de
regularização fundiária e assentamento das famílias.
Só o
Guarujá tem um deficit de 35 mil moradias. Mas, além de resolver o problema, a
cidade tem de evitar novas ocupações. Para isso, foi criada até uma
força-tarefa para derrubar casa irregular.
Com o
crescimento populacional previsto para os próximos anos, o risco de haver novas
invasões é tão real quanto a febre de investimentos que toma conta da região.
Fonte: Portos e Navios