A duplicação da Serra do Cafezal, último trecho de pista simples da
Rodovia Régis Bittencourt (BR-116), que liga São Paulo ao Sul do País,
começou para valer sem alarde. Ontem, motosserras de uma contratada faziam a
abertura da mata espessa para a entrada de máquinas e equipamentos.
A limpeza do traçado teve início na altura do km 334, no bairro do
Cafezal, limite de Juquitiba com Miracatu. A duplicação de 19 quilômetros no
trecho central da serra, do km 344 ao km 363, deve ser concluída apenas em
2017. O trecho é recordista em acidentes nos 402,6 quilômetros entre São
Paulo e Curitiba e, por isso, a estrada ficou conhecida como "rodovia da
morte".
A empresa informou ter cumprido as condicionantes ambientai s para a
duplicação, previstas na licença concedida em janeiro. E informou que a
supressão vegetal é preparatória para as obras de engenharia. Paralelamente à
retirada da mata, a empresa realiza o resgate de flora e fauna ameaçadas de
extinção. O projeto prevê 4 túneis e 36 pontes e viadutos para reduzir o
impacto na Mata Atlântica.
Ao todo, serão oito quilômetros de pista aérea e dois de subterrânea.
Na subida, sentido São Paulo, a rodovia terá três faixas e estrutura para
receber, no futuro, uma quarta faixa. Na descida, sentido Curitiba, serão
duas faixas, com base para a terceira.
Para diminuir o impacto ambiental, a segunda pista terá cinco
quilômetros fora do eixo da estrada atual. O traçado vai contornar um maciço
de serra e mata que faz parte do Parque Estadual da Serra do Mar. O desvio,
do km 358 ao km 363, vai formar uma "ilha" de mata, cercada pelas
duas estradas, mas os viadutos sobre pilares elevados evitarão o c
onfinamento da fauna.
O material retirado de 1,8 km de túneis será usado em aterros. As
obras consumirão 130 mil m³ de concreto. A pista antiga será restaurada e
ganhará reforço com concreto asfáltico. Alguns trechos serão refeitos para
redução de curvas e declives. A obra tem custo estimado em R$ 700 milhões.
Crítica. A duplicação implicará na supressão de 113,8 hectares de
floresta, dos quais 34 em Área de Proteção Ambiental (APP), mas está prevista
a recuperação de matas degradadas na mesma região.
Entidades de meio ambiente
contestam o projeto. A SOS Manancial encaminhou documento ao Ibama comparando
a duplicação da Régis à construção da nova pista da Imigrantes. Para a
entidade, o projeto da Imigrantes adotou 100% de obras de arte para preservar
a mata, enquanto na Régis o índice de obras de arte é inferior a 50%,
aumentando os cortes e aterros na região serrana.
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Fonte.: O Estado de S. Paulo
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