O governo do Estado pretende começar, em junho, a construção de uma
eclusa na barragem da Penha, zona leste de São Paulo. Prevista para ser
entregue no fim do ano que vem, a obra vai permitir que mais 14 quilômetros
do Rio Tietê sejam navegáveis por barcaças. A construção do sistema de diques
que permite a passagem de embarcações entre diferentes níveis de água seria
mais um passo para a criação do Hidroanel Metropolitano.
Quando a obra terminar, será possível navegar por 58 quilômetros do
Tietê: entre São Miguel Paulista, na zona leste, e Santana de Parnaíba, na
Grande São Paulo. Além disso, a intervenção na Penha também poderá aumentar a
capacidade de retenção de água da chuva em um valor equivalente a 65
piscinões do Pacaembu.
A navegação do Tietê faz parte de um projeto maior, que prevê 186 km
de hidrovias em torno da Grande São Paulo. Além do principal rio da capital,
as embarcações usariam o Rio Pinheiros e as Represas do Guarapiranga,
Billings e Taiaçupeba. Para formar um círculo completo, também será preciso
construir um canal de 16 km entre Ribeirão Pires e Suzano. A passagem pelo
espigão de 30 metros de altura entre as duas cidades exigiria um curso de
água artificial com uma solução parecida com a do Canal do Panamá, entre os
Oceanos Atlântico e Pacífico. Os barcos atravessariam a montanha por meio de
um sistema com várias eclusas.
Serviço
A hidrovia deverá ser feita por fases. No início, ela deve ser usada
para fazer o desassoreamento do Rio Tietê. Parte do lixo retirado da calha já
é transportado para a Lagoa de Carapicuíba por barcaças.
A vocação para este tipo de transporte foi definida após estudo do
Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), mas o uso do hidroanel para
transportar resíduos sólidos deve ser discutido em 2023, quando expiram os contratos
de coleta de lixo na capital. A cidade produz 18 toneladas de lixo por dia.
Uma segunda etapa do projeto levaria as embarcações para o Rio
Pinheiros - entre o Cebolão e o bairro de Pedreira, zona sul da capital. Esta
segunda fase incorporaria ao leito dos rios áreas destinadas à triagem e
reciclagem do lixo. O estudo do IPT mostrou também que o transporte de
resíduos da construção civil não seria vantajoso, pois ele é gerado e
descartado de forma pulverizada pela cidade. Também não se mostrou viável
carregar o lodo retirado dos esgotos pela Sabesp, que já criou uma rede de
dutos para fazer o serviço. "Resolvemos focar no transporte de sedimento
da dragagem do rio em um primeiro momento para mostrar que é possível ter uma
hidrovia em São Paulo. Além disso, é uma demanda constante. Todo ano, há 2
milhões de metros cúbicos de lixo para tirar do Tietê", diz Casemiro
Tércio, diretor do Departamento Hidroviário da Secretaria Estadual de
Logística e Transportes.
O governo estima um investimento de R$ 100 milhões para fazer a eclusa
na Penha. Segundo Tércio, esse investimento é comparável ao que se economiza
em um ano ao deixar de fazer o transporte do lixo do rio por caminhões. Mesmo
assim, ele é cauteloso ao falar do hidroanel. "Se a gente garantir o sucesso
dessa fase da hidrovia, podemos começar a pensar na circum-navegação da
Região Metropolitana."
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Fonte.: Agência Estado
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