A nova
lei dos caminhoneiros vai causar caos no escoamento da maior safra de soja da
história. Esse é o alerta de Fábio Trigueirinho, secretário-geral da Abiove
(Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais).
O
cumprimento da lei, que exige períodos de descanso de 30 minutos a cada quatro
horas de rodagem para os motoristas, começa a ser cobrado daqui a 180 dias. O
prazo coincide com o escoamento da safra de soja do ano que vem, que vai ser a
maior da história, segundo a Abiove -81 milhões de toneladas.
"Se
a lei vigorasse em um período normal, já haveria elevação de cerca de 30% no
custo de logística. Com a mudança ocorrendo bem no meio do escoamento da safra
recorde, não vai ter frete para escoar tudo isso, vai ser um caos", disse
à Folha Fábio Trigueirinho.
Os
produtores de soja do país querem que o prazo seja ampliado para um ano, em vez
de 180 dias.
A lei ia
entrar em vigor neste ano, mas o Contran (Conselho Nacional de Trânsito) baixou
uma resolução estabelecendo um prazo de 180 dias para os ministérios dos
Transportes e do Trabalho elaborarem uma lista das rodovias que têm áreas
adequadas de descanso.
Nelas,
será cobrado o cumprimento da lei e haverá fiscalização. São consideradas áreas
adequadas aquelas que têm condições sanitárias e de conforto para descanso do
motorista, com alojamentos e refeitórios.
A
assessoria do Denatran (e do Contran) disse à Folha que não está prevista a
prorrogação do prazo de 180 dias para o início da fiscalização.
A
assessoria afirma que os produtores terão de buscar estradas alternativas para
escoar a safra -estaduais ou federais nas quais não estará valendo a
fiscalização- se acharem que a lei está impossibilitando o transporte.
Cerca de
70% do escoamento da soja é feito em caminhões, segundo a Abiove.
Não se
sabe exatamente o que o governo vai considerar como áreas adequadas de
descanso.
A BR-163
(Cuiabá-Santarém) é uma das principais estradas usadas para escoar a soja de
Mato Grosso, e não tem áreas de descanso adequadas, diz Trigueirinho. Já em São
Paulo, a Castelo Branco e a Bandeirantes, por onde também passa boa parte da
safra, devem ser afetadas.
"Não
somos contra a lei, mas precisamos de um prazo maior para aumentar o número de
motoristas e de caminhões", diz.
Além dos
descansos de meia hora, os caminhoneiros serão obrigados a respeitar uma hora
diária para almoço e repousar por 11 horas a cada 24 horas trabalhadas.
Segundo o
Ministério dos Transportes, só a minoria das estradas tem áreas de descanso.
Muitas teriam de ser construídas ou adaptadas.
Fonte.: Portal do Agronegócio