A proposta aprovada em primeira votação pela Câmara Municipal de São
Paulo, que prevê o fim da cobrança de multa para motoristas que descumprirem
o rodízio municipal de veículos uma vez ao ano, não terá efeitos práticos no
aumento do trânsito da cidade.
A análise é do consultor de trânsito Horácio Augusto Figueira. “Pelas
contas que fiz, se a lei for aprovada, pode trazer um acréscimo médio de 4,2
mil veículos nos horários de pico e isso não vai representar nada para o
trânsito já caótico”, disse o especialista. Segundo ele, no horário de pico
circulam cerca de um milhão de veículos pela cidade e o rodízio retira 20%
desses carros. “Se os motoristas resolverem infringir a lei uma vez por ano,
isso traria um acréscimo de cerca de 0,5% de veículos no horário de pico.”
Já o ambientalista Fábio Feldmann, idealizador do rodízio, disse que a
proposta, do vereador Mário Covas Neto (PSDB), representa um retrocesso. “Na
verdade, você estimula as pessoas a transgredirem uma vez por ano e isso terá
efeitos numa cidade já castigada pela poluição gerada por uma frota de sete
milhões de veículos”, afirmou. Mesma opinião tem o vereador Gilberto Natalini
(PV): “Isso é um atentado à saúde pública”.
Pela proposta, em vez de pagar a multa, o motorista receberá uma
advertência por escrito, livre de encargos financeiros. A multa só será paga
em caso de reincidência em período anterior de 12 meses.
O projeto precisa ser aprovado em segunda votação antes de ser
encaminhado ao prefeito Fernando Haddad (PT). Os pontos referentes à infração
continuariam sendo computados na CNH (Carteira Nacional de Habilitação).
Segundo o vereador Arselino Tatto (PT), líder do governo na Câmara, os
partidos chegaram a um acordo para que cada parlamentar tivesse um projeto
aprovado, em primeira votação, na sessão de anteontem. Por esta razão, a
proposta de Covas Neto foi aprovada.
“Vamos trabalhar para rejeitar a proposta em segunda votação, mas se
isso não acontecer o prefeito vai vetá-la”, afirmou o líder.
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Fonte.: Diário de S. Paulo
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