Em 30
minutos, dez motoristas passam sem o cinto de segurança, cinco não dão seta na
conversão, dois avançam o sinal vermelho. Dos 25 que fazem aquela conversão, 19
cometem infração (76%).
A Folha
monitorou a esquina durante quatro períodos do dia e concluiu que, de
madrugada, as infrações explodem. Da 0h30 à 1h, foram 36 para 49 veículos
(73%).
Nos
horários de maior movimento --e fiscalização--, 12h e 19h30, a proporção de
infrações por veículo cai para 35%. Mesmo assim, são três infrações por minuto.
Em nenhum
dos horários monitorados havia a presença de agentes de trânsito.
Motoristas
dizem que fazem isso "por segurança" e porque nunca viram agente de
trânsito multando à noite.
"Ando
mais rápido e não paro nos semáforos", diz o projetista Wilton Azevedo,
26.
"Depende
da situação. Se estiver sozinho, em lugar perigoso, vou passar o sinal vermelho
com certeza", diz o estudante Rodrigo de Jesus, 21.
Ele diz
ser comum pessoas "voando" nas ruas perto da faculdade, dirigindo
embriagadas e cometendo outras infrações e que sente medo de caminhar nas ruas
à noite.
Para
Horácio Figueira, consultor em engenharia de tráfego e professor de engenharia
civil da Uninove, que orientou o monitoramento e tabulação feitos pela Folha, a
falta de fiscalização na madrugada incentiva infrações.
Ele
cruzou dados da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) com os da frota
circulante por horário e concluiu que o risco de acidente fatal,
proporcionalmente aos veículos nas ruas, é quase nove vezes maior da 0h às 6h
em relação ao período da manhã -e dobram entre 18h e 0h.
"Existe
uma correlação entre os altos índices relativos de acidentes com os altos
índices de infrações na madrugada, que são resultados da fiscalização zero",
afirma.
Ele
propõe duas medidas: instalação de semáforos para pedestres, com tempo adequado
de travessia, em todos os cruzamentos com semáforos para veículos e
fiscalização durante 24 horas por dia e sete dias por semana.
ÁLCOOL E
VELOCIDADE
A CET informou
que sabe da maior incidência de acidentes à noite e atribui o problema a
"vários fatores", com "clara evidência de influência de
álcool", além do excesso de velocidade dos veículos", pela maior
fluidez.
O órgão
afirma ter 582 radares que fiscalizam o excesso de velocidade 24 horas por dia
e que seus 2.400 agentes de trânsito se dividem em quatro turnos, pelos
"principais corredores de tráfego".
"Nos
finais de semana, o efetivo nas ruas é de 50% em relação aos dias úteis pelo
fato de a demanda de trânsito ser menor", diz a companhia.
Fonte.: Jornal Floripa