A greve
dos funcionários que liberam a entrada de mercadorias no país contribuiu para
que o total importado em alguns portos, em julho, caísse até 25% na comparação
com o mesmo mês de 2011. A queda ocorreu nos terminais de Vitória (ES), 25,7%;
Macuripe (CE), 23,5%; Paranaguá (PR) 12,8%; Itajaí (SC), 6,2%; Suape (PE), 4,9%
e Santos (SP), 1,62%.
O
levantamento feito pelo Valor considerou os terminais portuários mais afetados
pela greve, segundo o Sindicato Nacional de Servidores de Agências Nacionais
Reguladoras (Sinagencias), entidade a qual os funcionários da Agência Nacional
de Vigilância Sanitária (Anvisa) são vinculados. Em julho, os fiscais
agropecuários ainda não estavam em greve.
Ao
divulgar os dados da balança comercial do mês passado, o Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic) ressaltou que, além da
crise na economia brasileira e internacional, a greve nos portos tem afetado os
números das transações comerciais com outros países.
Para o
governo, a greve dos agentes sanitários e da Receita Federal traz mais
prejuízos à entrada de mercadorias do que a saída de produtos nacionais
destinados ao exterior. Isso porque há um maior rigor e controle na liberação
de itens que desembarcam no país.
"Acho
que as importações podem ter sido mais atingidas que as exportações pela
liberação de cargas, anuência da Anvisa, mas não dá para separar o
efeito", disse o secretário-executivo do Mdic, Alessandro Teixeira, ao
anunciar os dados de julho.
No porto
de Vitória, o valor importado em julho caiu para US$ 780 milhões, ante US$ 1,05
bilhão em igual mês do ano passado. Em Santos, a importação recuou de US$ 4,97
bilhões para US$ 4,85 bilhões na mesma comparação. No terminal portuário de
Itajaí, a entrada de mercadorias em julho somou US$ 729 milhões, sendo que no
mesmo mês de 2011 o valor importado por meio do porto foi de US$ 737 milhões.
O impacto
da greve nos terminais portuários só poderá ser medido após o fim da
paralisação, informou o Mdic. A operação-padrão adotada pela Receita tem
atrapalhado o desembarque de mercadorias mais do que a paralisação dos fiscais
da Anvisa, avalia o diretor do sindicato dos operadores portuários do Espirito
Santo, Pedro Paulo Carneiro. A informação já foi refutada pela Receita, que no
fim de julho estimou em 2% - 4 mil de 220 mil pedidos de importação - os atrasos
causados pelos fiscais da Receita.
Carneiro
estima que a vigilância sanitária chega a demorar três dias para permitir que o
navio atraque no porto de Vitória. "Mas na alfândega a liberação da carga
pode levar até 15 dias", afirma. A paralisação dos agentes da Anvisa e a
operação-padrão da Receita começou na metade de julho. Passados dez dias de
agosto, "a situação continua a mesma", disse Carneiro, que destacou
ainda a redução de produtos que chegam no porto por causa da crise econômica.
O diretor
de comunicação do Sinagências, Ricardo Holanda, destacou que nada disso teria
acontecido se o governo estivesse com uma proposta. "O governo do PT é o
pior desde o descobrimento para negociar, do ponto de vista dos
trabalhadores", disse.
Fonte: Valor Econômico