Não só debaixo de
tempestades. Mesmo em dias ensolarados, a advogada Flávia (nome fictício) não
se atreve a abrir o vidro de seu carro no trecho cubatense da Rodovia Anchieta.
O temor é rever cenas que quase a fizeram desistir de se locomover nas
saturadas malhas rodoviárias regionais. Por uma bolsa deixada,
inadvertidamente, no banco do passageiro ela ficou “eternos segundos” com a
cabeça sob a mira de uma arma.
O susto inicial se foi
junto com algumas itens de maquiagem, documentos, cartões de crédito, celulares
e alguns trocados. Deste episódio, cujo fim poderia ser trágico, ela tirou
valiosa lição: maior atenção ao cruzar as rodovias.
Sensação de insegurança
verificada, mais uma vez, no último final de semana. Dois homens armados se
aproveitaram de um congestionamento entre os quilômetros 53 e 56 da via
Anchieta para promover um arrastão.
Por pouco, o psicólogo
Fábio Arruda não foi uma das vítimas desse crime. Ele voltava de um show na Capital,
por volta das 2 horas de segunda-feira, quando percebeu a aproximação de
assaltantes. “Eles vieram em minha direção, com armas em punho e expressões
agressivas. Pensei que seria abordado, mas correram em direção ao bairro (Cota
200)”.
Apesar de inúmeras
ligações para o 190, poucos registros de ocorrência foram lavrados nas
delegacias da região. Segundo o tenente do 1º Batalhão da Polícia Rodoviária,
Moacir Mathias do Nascimento, a unidade foi informada de atividades criminosas
no trecho por volta das 18 horas de domingo. E, a partir de então, reforçou as
ações de vigilância na rodovia.
A audácia de criminosos
nas estradas da região não se limita apenas aos dias e em trechos de fluxo
intenso. Há pouco mais de 15 dias, a equipe de reportagem de A Tribuna flagrou
adolescentes assaltando ciclistas na interligação entre a Via Anchieta e
Rodovia dos Imigrantes - altura dos Bolsões. Mas os amantes dos pedais não são
as vítimas preferidas: condutores distraídos e turistas listam como os alvos
fáceis de ladrões.
De longa data
A falta de segurança em
rodovias é um problema antigo. Contudo, o pesadelo se intensifica à noite: com
o trânsito lento e pouco policiamento. Cenário perfeito para roubos.
Núcleos habitacionais
ocupados em trechos rodoviários é outro fator a potencializar os crimes. São
nossas áreas que os assaltantes se escondem após cometerem os delitos.
Artimanhas usadas são
velhas conhecidas nos meios policiais, de igual forma os períodos de maior
incidência criminal. Os que utilizam o trecho com frequência sabem dos riscos
aos quais estão expostos.
Tanto que desenvolvem
técnicas e se planejam para evitar períodos considerados mais críticos. Uma
delas é trafegar em “comboio”. “Não ando mais sozinha. Sempre vou em conjunto
de amigas”, diz Flávia. Outra forma é manter o vidro fechado e esconder todos
os bens valiosos da vista dos ladrões.
Longe de uma solução
definitiva, o oficial da PM afirma que a corporação “desenvolve suas atividades
de fiscalização de trânsito e repressão a ilícitos criminais para e com a
sociedade”. E que o patrulhamento na região é reforçado quando há
congestionamentos. “Contamos também com o apoio do Policiamento Territorial,
Policiamento Ambiental, dentre outros, sempre visando uma maior segurança dos
usuários”, afirma.
Por sua vez, o secretário
municipal de Segurança Pública e Cidadania, Armando Campinas Reis Júnior, diz
que ações de competência da municipalidade são realizadas: educação e
oportunidades aos jovens serem absorvidos no mercado de trabalho. “Será
ampliada de 2 mil para 6 mil o número de vagas oferecidas a atividades
esportivas na Cidade”. Ele indica ainda a cobertura em vídeo monitoramento (em
fase de licitação) e a operação delegada (em estudo) como aliados na luta
contra a criminalidade.
Fonte: A Tribuna de Santos