O cronograma para a instalação obrigatória de dispositivos antifurto
nos veículos produzidos no Brasil será alterado pela oitava vez. O sistema de
telecomunicação do governo que vai monitorar e registrar os rastreadores está
pronto após atrasos na implantação, mas agora é preciso testá-lo com os
carros em movimento, o que levará mais alguns meses.
A instalação dos equipamentos, começando por 20% da produção de
carros, está agora prevista para maio, e não mais em 31 de janeiro, como
prevê o último cronograma. Esse é mais um atraso de uma história iniciada há
sete anos, quando o governo estabeleceu o uso desses dispositivos dentro da
política de prevenção ao roubo de veículos.
Originalmente, já com o tempo para adequação das empresas, os
rastreadores começariam a ser instalados em agosto de 2009. Porém, o
cronograma teve que ser revisto por mais de três anos diante da resistência
de montadoras, a demora na implantação do sistema e uma liminar que suspendeu
na Justiça o programa por violação ao direito de privacidade - o que levou a
ajustes no desenvolvimento dos módulos de rastreamento.
As empresas de autopeças que apostaram na legislação antifurto, de
olho em um mercado potencial de quase 6 milhões de veículos por ano,
enfrentam hoje ociosidade nas linhas de produção e constrangimento ao ter que
explicar para a matriz por que o projeto não saiu do papel. A maioria delas
já deixou de colocar em seus orçamentos os volumes previstos na lei.
A Continental, um dos três maiores no setor de autopeças do mundo,
investiu cerca de R$ 150 milhões nesse projeto, mas ainda não teve nenhum
retorno financeiro com a linha de produção instalada na fábrica de Manaus
(AM). "Isso já nos causou muita dor de cabeça e cobranças do "board"
[conselho de administração]. Mas entendo a preocupação deles. Investe-se R$
150 milhões e não se fatura nada com isso. Então, nos questionam: o que você
fez com esse dinheiro?", conta Maurício Muramoto, presidente no Brasil
da Continental, que tem sua controladora sediada na Alemanha.
Ele diz que, com os atrasos e os ajustes necessários no produto para
preservar a privacidade dos donos de automóveis, os investimentos no
desenvolvimento e nas instalações fabris já são o dobro do que era
inicialmente previsto para a produção local de rastreadores.
A mesma situação tem sido vivida pela Magneti Marelli, que se preparou
para produzir até 1,5 milhão de rastreadores de carros, caminhões e ônibus em
Hortolândia, no interior paulista. "Usamos parte dessa capacidade para
outros produtos porque a linha não pode ficar parada", diz Ricardo
Takahira, gerente de novos negócios da Magneti Marelli na área de sistemas
eletrônicos, também reclamando da sucessão de atrasos no projeto. "Isso
custou bastante a nossa credibilidade", afirma o executivo, ao comentar
a reação da matriz do grupo na Itália.
Depois de testes em laboratório, o funcionamento do equipamento
antifurto está sendo testado com os carros nas pistas sob o sistema de
gerenciamento definitivo. O Denatran, que vai operar esse sistema - por onde
passará todo o processo de ativação dos dispositivos -, informa que já foram
feitos testes em vários veículos de marcas distintas. Atualmente, os testes
estão sendo feitos em quatro veículos de duas marcas diferentes.
O novo cronograma, que fixa o inicio da instalação em maio, ainda será
aprovado nos próximos dias pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran).
Quando a funcionalidade do sistema for comprovada, começa a produção.
As empresas sistemistas, que produzem os módulos de rastreamento,
dizem que o produto já está pronto há mais de dois anos. Mas as montadoras
não descartam a necessidade de mais ajustes, levando a uma nova revisão de
cronograma. "Uma coisa é testar o equipamento em laboratório, outra é
ver como ele funciona com os carros nas estradas", disse ao Valor Luiz
Moan, vice-presidente da Anfavea, entidade que abriga as montadoras
instaladas no país.
"Não temos razão para acreditar na necessidade de qualquer
mudança nesses módulos", afirma Wayne Alves, diretor de engenharia da
Kostal, fabricante de componentes elétricos de origem alemã que vai produzir
os rastreadores em São Bernardo do Campo, no ABC paulista.
De forma gradual, os equipamentos antifurto serão instalados em todos
veículos fabricados ou importados no país- desde os carros de passeio e
caminhões a motocicletas. Contudo, para preservar sua privacidade, o dono do
carro só terá acesso a funções de localização e bloqueio remoto do automóvel
se contratar uma empresa de rastreamento e habilitar o dispositivo.
Estima-se, contudo, que a adesão será baixa, em torno de 5% do total nos
primeiros dois anos.
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Fonte.: Valor Econômico
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