Com a fama de estrada mais violenta do país, a BR-381, no trecho entre
Belo Horizonte e Governador Valadares, no Vale do Rio Doce, assombrará os
motoristas que passam por suas arriscadas curvas ainda por mais tempo do que
o previsto
A concorrência pública para início dos seis primeiros lotes das obras
de duplicação da chamada Rodovia da Morte foi suspensa ontem pelo presidente
da Comissão de Licitação do Departamento Nacional de Infraestrutura de
Transportes (Dnit), Arthur Luís Pinho de Lima
Especialistas em contratos públicos e obras preveem atraso no
cronograma anunciado pelo ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos. Em
31 de outubro do ano passado ele esteve em Belo Horizonte e prometeu colocar
máquinas trabalhando na pista até março. A conclusão dos trabalhos foi
prevista, na ocasião, para 2016
Ao todo são 13 lotes, distribuídos em 330 quilômetros. O início da
duplicação será de 100,5 quilômetros, indo do Anel Rodoviário de Belo
Horizonte a Jaguaraçu, no Vale do Aço, excluídos do percurso dois trechos que
integram outro edital e terão andamento posterior. Com isso, a primeira fase,
agora adiada, compreende os trechos BH-Caeté, São Gonçalo do Rio Abaixo-João
Monlevade e Nova Era-Jaguaraçu. Os demais lotes dessa primeira fase são
referentes à abertura de túneis na Região do Vale do Aço
As empresas interessadas na licitação deveriam apresentar propostas
hoje, mas há cinco dias entraram com pedido de impugnação do Edital 654/12,
alegando ilegalidades, equívocos técnicos e omissões nos projetos de
duplicação da estrada. O prazo estimado entre o processo de escolha das
construtoras e o início dos trabalhos seria de 35 dias, o que não será mais
possível, na opinião do advogado especialista em direito público Diamantino
Silva Filho. “É evidente que os motivos que levaram à suspensão do edital
serão apreciados, mas que isso causará atraso na obra não há dúvida”,
afirmou. Segundo ele, o edital estabelece datas desde a entrega das propostas
até a escolha da empreiteira, e essa primeira etapa, suspensa, atrasará as demais
Para o professor Ronaldo Guimarães Gouvêa, do Departamento de
Engenharia de Transportes e Geotecnia da Escola de Engenharia da UFMG, o
atraso no início das obras faz prever mais mortes na rodovia, considerada a
mais perigosa do país. De 1º de janeiro a 30 de novembro do ano passado,
segundo balanço da Polícia Rodoviária Federal, 114 pessoas perderam a vida em
2.307 acidentes no trecho a ser duplicado, onde houve mais de 1.600 feridos.
A última promessa de duplicação havia sido feita em setembro de 2011, quando
a presidente Dilma Rousseff disse que a licitação seria aberta. Em junho do
ano passado houve adiamento para setembro
As quatro construtoras que pediram impugnação do edital alegam que o
Dnit não colocou à disposição dados imprescindíveis para o início dos
trabalhos, como estudos geotécnicos e relatório de avaliação ambiental. “A
ausência desses documentos pode trazer inúmeros problemas. Um deles seria a
falta dos estudos técnicos, o que torna impossível para o licitante projetar
com segurança seus gastos”, justifica a Construtora Aterpa M. Martins S. A
As obras de duplicação, segundo as empresas, vão implicar também
significativa interferência na Estrada de Ferro Vitória-Minas, que vai ter o
traçado alterado em alguns trechos. A Aterpa lembra que o remanejamento da
ferrovia foi discutido entre o Dnit e a Vale, que administra e opera o trecho
ferroviário, mas que o resultado não foi divulgado. “A empresa desconhece
qual é a dinâmica de trabalho definida pela administração pública em conjunto
com a Vale para a realização de obras que afetam uma das principais ferrovias
do país, responsável pelo transporte de 37% da carga ferroviária nacional”,
argumenta a empreiteira
A Egesa Engenharia também reclama da falta de estudos técnicos e frisa
que a rodovia vai avançar sobre a ferrovia, que precisará ser deslocada. “O
projeto equivocadamente classificou tal interferência no tráfego como nível 1
(ou seja, nenhuma), porém haverá uma interferência significativa com o
tráfego ferroviário”, alega a empresa, acrescentando que a estrada de ferro é
a principal ligação entre as minas da Vale no estado e o porto de Vitória
(ES)
As empresas questionam ainda a interferência provocada pelas obras nos
cabos de fibra ótica de concessionárias de telecomunicações, assim como em redes
de esgoto de cidades vizinhas. E sustentam que não foi divulgada nenhuma
informação sobre acordos com empresas ou prefeituras para intervenção na
infraestrutura, que pode causar suspensão de serviços. A Servix Engenharia S.
A. reclama da insuficiência de documentos necessários à elaboração de
propostas. “É imprescindível conferir os projetos, principalmente aqueles que
dizem respeito aos volumes de terraplanagem, a fim de prever as reais
quantidades de cada serviço”, diz a Servix. Já a J. Dantas Engenharia e
Construções Ltda. pede mudança no edital, para que empresas do mesmo grupo
econômico sejam impedidas de concorrer apenas ao mesmo lote de obras
Previsão - O Dnit argumenta que a suspensão da licitação não vai
atrasar o início das obras e reafirma a promessa do ministro de que as
máquinas estarão na pista ainda neste primeiro trimestre. “Apesar da
suspensão (não se trata de cancelamento), há tempo hábil para conclusão do
processo licitatório e início das obras conforme o previsto”, informou, em
nota
O departamento acrescenta que vai esclarecer os questionamentos das
concorrentes e que até sexta-feira definirá novas datas para abertura das
propostas. “As empresas apresentaram os questionamentos cinco dias antes da
abertura das propostas. Como não houve tempo suficiente para análise de
todos, o edital foi suspenso”, informou o Dnit, sustentando que a decisão
visou a evitar que a licitação ficasse comprometida. O órgão federal lembra
que há outro edital em andamento, o de número 791/12, que engloba mais
trechos da rodovia
|
|
Fonte.: Estado de Minas
|
Criada em 1989 a RDC dedica-se ao desenvolvimento de soluções integradas de softwares de gestão corporativa e logística para o mercado latino americano. Empresa genuinamente brasileira, a RDC busca atender às necessidades específicas de seus clientes. Como consequência conquistou a liderança nacional em soluções para o setor de armazenamento, movimentação e distribuição de veículos zero km.