Uma das maiores e mais polêmicas obras planejadas pela gestão Gilberto
Kassab (PSD) terá início poucos dias antes do término do mandato do prefeito.
Anunciado há mais de três anos, o túnel de 2,3 quilômetros que ligará a
Avenida Jornalista Roberto Marinho à Rodovia dos Imigrantes, na zona sul da
cidade, deve começar a ser construído neste mês, o último da atual
administração. Contudo, grande parte das desapropriações ainda não foi
realizada.
A Licença Ambiental de Instalação (LAI) do empreendimento foi
publicada na quarta-feira 905) pela Secretaria Municipal do Verde e do Meio
Ambiente. Essa era a última etapa a ser vencida para que os quatro consórcios
que executarão o projeto pudessem montar os canteiros. Os trabalhos têm
previsão de entrega de dois anos, a partir do início das obras. Na
quarta-feira (05), a ordem de serviço ainda não tinha data para sair.
No total, os gastos com o projeto chegam a R$ 2,4 bilhões. Além do
túnel, o empreendimento incluirá a construção de um parque linear de 3,4
quilômetros de extensão, além de viadutos. Milhares de moradores serão
desapropriados para que suas casas, em bairros e favelas no caminho, possam
dar lugar ao parque.
Além disso, a São Paulo Obras (SPObras), empresa municipal responsável
pela execução do projeto, reservará espaço para a implementação da estrutura
elevada do monotrilho da Linha 17-Ouro. Uma parte do futuro ramal, de
propriedade da Companhia do Metropolitano (Metrô), depende do parque para
poder chegar à Estação Jabaquara, onde se conectará à Linha 1-azul.
Entre as 65 exigências feitas pela Secretaria do Verde na LAI estão a
entrega, antes do início das obras, da manifestação do Conselho de Defesa do
Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat) sobre
possíveis impactos ambientais provocados em bens tombados, como o Sítio da
Ressaca e o Terreiro Ache Ilê Oba.
Desapropriações
A avaliação de que a obra pode começar em breve é da SPObras.
Entretanto, moradores da região afetada creem que ela vai demorar para sair
do papel. É o caso do técnico Marcos Munarim, do Movimento Não
Desapropriação. "A Prefeitura está desesperada, mas ainda tem de tirar
todo o pessoal de lá. Isso é tudo pressão para que o próximo prefeito chegue
e diga que não tem como parar."
Segundo ele, cerca de 2 mil casas deverão ser tiradas. Além disso, em
torno de 10 mil famílias terão de sair de favelas da região. "Levará
anos para conseguirem desapropriar tudo." Para os desalojados, deverão
ser construídas moradias para quase de 8 mil famílias que hoje ocupam áreas
de várzea e de risco nas imediações.
Para a urbanista Ermínia Maricato, professora de pós-graduação da
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP),
o modelo adotado pela Prefeitura para reurbanizar a região é criticável.
"O grande negócio da cidade atualmente, e creio que estamos andando para
trás em termos de igualdade social, é exatamente produzir localizações
valorizadas. O que vai é agregar valor em um mercado especulativo e quem é
pobre vai ter de sair."
Já a Prefeitura se defende, alegando que, além de benesses para o
viário, a intervenção vai ajudar a solucionar problemas de drenagem do
Córrego Água Espraiada. Outro aspecto apontado pela administração municipal é
justamente a melhoria habitacional para quem vive em cortiços e favelas,
"além da criação e da recuperação de áreas verdes públicas e privadas".
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Fonte.: Isto é
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