O Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas de Mato Grosso
(Sindimat) vai entrar na Justiça contra o Governo do Estado na tentativa de
suspender a cobrança do IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos
Automotores) e a CIDE (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico,
imposto sobre combustíveis) para o setor. Segundo o presidente da entidade,
Eleus Amorim, o pagamento do pedágio e dos impostos simultaneamente
transforma-se em cobrança dupla pelo mesmo serviço, já que ambas as taxas têm
como objetivo realizar a ampliação e a manutenção das rodovias.
“Não tem cabimento a população e os empresários pagarem duas vezes
pelo mesmo serviço. Nós até que não somos contra o pagamento do pedágio, mas
sim da cobrança dupla”, declarou. Ainda segundo o presidente do sindicato, a
conta da nova cobrança acabará sobrando para o consumidor final, já que os
gastos atuais com as taxas passarão dos atuais 11% para 16% da receita
operacional bruta.
Apesar do alto fluxo de veículos, são poucas as obras realizadas pela
concessionária para o cumprimeto das exigências de operação na rodovia -
Foto: Pedro AlvesEleus Amorim observa ainda que não tem como o mercado de
transporte absorver um custo tão alto. “Só nos pedágios do estado o aumento
será de R$540,00. É claro que o governo alega que, com estradas melhores, o
custo diminui, mas não é bem assim. A única coisa que a gente acaba
economizando de fato são os pneus”, afirmou.
Na outra vertente, o diretor executivo do Movimento Pró-Logística,
Edeon Vaz Ferreira, acredita que a cobrança de pedágio não deve impactar
diretamente nos valores do frete no estado, principalmente no transporte da
soja: “Não sei como o valor do frete poderia subir se o preço é formado na
Bolsa de Valores de Chicago, e na verdade os valores teriam que diminuir já
que a manutenção dos veículos ficará reduzida em comparação aos valores
gastos com as taxas”.
Ainda segundo Edeon, o papel do Estado é de fiscalizador e não de
executor, o que justifica a ineficiência de gerenciamento e de fiscalização
da malha viária no país. “Os pedágios são aplicados em todo o mundo e está
dando certo. Isto comprova que após o impacto inicial, a população acaba
enxergando os benefícios”, explicou.
Já para Benedito Dias, professor doutor em Economia da Universidade
Federal de Mato Grosso (UFMT), a cobrança de pedágio tem que ser vista de
duas formas diferenciadas: de um lado, a incapacidade do governo em gerir os
recursos de forma adequada e do outro lado o aumento dos custos,
principalmente para as pessoas físicas, que sentem mais significativamente o
impacto, “como as pessoas que viajam com menor frequência e não lucram nada
com isso acabam sentindo mais o custo dos pedágios”.
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