Se a
cadeia produtiva da soja tivesse que escolher um único desejo a ser realizado
em 2013, este seria um novo adiamento da aplicação da Lei do Motorista. A
fiscalização da polêmica Lei 12.619/2012, que disciplina o trabalho dos
motoristas profissionais, já começou a autuar transportadores de condutores
no País após determinação do Ministério Público do Trabalho divulgada no fim
do ano passado.
Embora
reconheçam que as novas regras prezam pela segurança nas estradas, as
entidades do setor avaliam que a determinação de jornada máxima para a
categoria e períodos de descanso em intervalos menores dificultará o
escoamento da oleaginosa, já naturalmente complicado durante o período de
entrada da safra. O Brasil deve colher um recorde de 82,6 milhões de
toneladas em 2012/13, 24% mais do que na temporada anterior.
Caso
esse volume, que a Companhia Nacional de Abastecimento estimou em dezembro,
seja alcançado, o País se tornará o maior produtor mundial de soja. Uma
conquista importante depois que quebras de produção, primeiro na América do
Sul e depois nos Estados Unidos, encolheram os estoques globais e
impulsionaram os preços internacionais da commodity para máximas históricas.
Os gargalos logísticos podem restringir o potencial brasileiro de exportação.
Ainda assim, a Conab projeta os embarques do produto para o exterior em 36,4
milhões de toneladas em 2012/13, 12% maiores na comparação anual.
Apesar
da intenção do governo federal de diminuir a dependência do transporte
rodoviário, os investimentos em ferrovias e portos não devem ser percebidos
no atual ciclo. “Estaremos muito pressionados, não só pelas dificuldades que
vinham se acumulando, mas por causa dos entraves dessa Lei dos
Caminhoneiros”, afirma Luiz Carlos Corrêa Carvalho, presidente da Associação
Brasileira de Agribusiness (Abag). Segundo ele, se for aplicada da forma que
está, reduzirá em 30% a capacidade de transporte. “Hoje já temos escassez de
50 mil motoristas. E, só para atender ao incremento da produção agrícola
deste ano, precisaremos de mais 20 mil veículos novos”, observa.
O
presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de Mato
Grosso (Aprosoja-MT), Carlos Fávaro, que também preside o Movimento
Pró-Logística, diz que as limitações logísticas reduzirão a competitividade
do agricultor brasileiro. “Ele vai perder esse bom momento, vai pagar mais
caro pelo transporte e vai ficar esperando em fila nos portos”, comenta. Para
minimizar os problemas no curto prazo, Fávaro recomenda a implementação
gradual da Lei dos Caminhoneiros. “Seria de bom senso e evitaria um colapso
na logística brasileira”, acrescenta Fávaro.
André
Debastiani, analista da Agroconsult, sugere também investir em armazenagem
para que o escoamento não se concentre no auge da safra. Ele lembra que o
produtor teve boa rentabilidade nas últimas cinco temporadas e depende menos
de tradings para financiar a sua produção. “Ele tem a possibilidade de
segurar a soja um pouco mais e tentar uma estratégia diferente de
comercialização”, explica.
Mas
Edeon Vaz, diretor-executivo do Movimento Pró-Logística, pondera que nem
sempre isso é possível. “Não se exporta só porque não se tem armazém, mas
porque a demanda está aquecida naquela época”, explica, referindo-se ao fato
de que a produção brasileira é ofertada no período de entressafra do
hemisfério Norte.
Frete
70% mais caro
Os entraves
logísticos para o escoamento da produção recorde de soja devem encarecer o
frete em até 70% no pico da safra 2012/13, calcula a Associação Brasileira da
Indústria de Óleos Vegetais (Abiove).
“Quem vai pagar a conta é a população
na hora em que comprar os produtos no mercado interno. E também o produtor,
que vai receber menos quando exportar”, afirma Fábio Trigueirinho,
secretário-geral da entidade.
Segundo
o presidente da Coamo Agroindustrial Cooperativa, José Aroldo Gallassini, o
frete rodoviário é o principal desembolso dos cooperados. “É o transporte
mais caro que temos, e chegamos a ter de 1,5 mil a dois mil caminhões por dia
na estrada no auge da safra.”
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Fonte.:
Portal Transporta Brasil
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