O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) pretende
dobrar o volume de financiamento a projetos de transportes no Brasil para R$
20 bilhões ao ano até 2015, em um esforço para melhorar a infraestrutura do
País.
No ano passado, o governo revelou que pretende investir quase R$ 200
bilhões em infraestrutura nos próximos 10 anos. A ideia é entregar projetos
de construção para companhias privadas, na tentativa de acelerá-los, apesar o
BNDES já ter se comprometido com o financiamento de até 80% desses projetos.
"O grande problema do Brasil é logística", disse Nelson Siffert,
superintendente de infraestrutura do BNDES, em entrevista. "Nosso
desafio é dobrar o financiamento até 2015."
A falta de infraestrutura adequada obriga as empresas brasileiras a
gastarem cerca de 13% de sua receita em custos com transporte, quase o dobro
do que é gasto pelas companhias dos Estados Unidos, segundo um estudo da
Fundação Dom Cabral. Dois terços do que é transportado no Brasil passa por
rodovias, que estão em precárias condições. Além disso, os aeroportos e
portos têm operado há anos acima da capacidade, com algumas cargas ficando
dias à espera do desembarque.
Ao entregar as rédeas para o setor privado, o governo espera obter 10
mil quilômetros de novas ferrovias e 7.500 quilômetros de rodovias, o que,
segundo estimativas do governo, deve custar R$ 133 bilhões. As mudanças nas
regulamentações dos portos deve gerar R$ 54 bilhões em investimentos até
2017, enquanto a concessão de mais dois aeroportos à iniciativa privada vai
requerer investimento de R$ 114,4 bilhões.
As licitações para esses projetos começarão ainda este ano, e Siffert
afirmou que o BNDES está disposto a dar suporte inicial aos operadores
privados para que o trabalho comece o quanto antes. A instituição também se
comprometeu a apoiar a emissão de bônus de infraestrutura. O presidente do
BNDES, Luciano Coutinho, já afirmou que o Brasil pode emitir este ano R$ 50
bilhões em bônus de infraestrutura. Siffert estimou que esses bônus devem
financiar cerca de 15% dos custos totais dos projetos.
No ano passado, o BNDES emprestou R$ 24,5 bilhões para infraestrutura,
mas somente R$ 9,5 bilhões foram destinados aos transportes, com os R$ 15
bilhões restantes indo para projetos de energia. Nos próximos dois anos, a
instituição prevê que os financiamentos para energia e transportes cresçam R$
20 bilhões cada.
Siffert afirmou que o BNDES não está tão focado em projetos de
energia, apesar de o País enfrentar problemas no setor, como a dependência de
hidrelétricas. Segundo ele, no entanto, uma série de novos projetos estão em
andamento para resolver esses problemas e a maior parte dos financiamentos já
está estabelecida. As informações são da Dow Jones.
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Fonte.: EXAME
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