Após resolver uma série de falhas que atrasaram a licitação para o
Trecho Norte do Rodoanel, a estatal Desenvolvimento Rodoviário S/A (Dersa) promete
anunciar hoje (15) o resultado do processo e assinar, ainda neste
mês, os contratos para a construção dos 47 km de rodovias. Mesmo assim, a
promessa agora é que a obra só fique pronta em janeiro de 2016.
Esse processo deveria ter sido concluído em dezembro, mas o Banco
Interamericano de Desenvolvimento (BID) identificou falhas na forma como a
Dersa classificou os 18 consórcios de empresas que estão participando da
disputa.
A promessa inicial de entregar as pistas era novembro de 2014. No ano
passado, a licitação enfrentou 11 processos na Justiça e nos Tribunais de
Contas do Estado e da União, o que já havia parado o processo por seis meses.
Agora, com os problemas com o banco, a pista não será mais entregue até o fim
do atual mandato do governador Geraldo Alckmin (PSDB).
O BID vai emprestar cerca de R$ 2 bilhões para o projeto - um terço do
valor total estimado para a obra, que é de R$ 6 bilhões
O teor das falhas encontradas pelo BID não pode ser divulgado por
questões contratuais, segundo o presidente da Dersa, Laurence Lourenço.
"São divergências na forma como a Dersa faz a análise das propostas
comerciais apresentadas pelos consórcios e a maneira como o BID faz",
afirma. Ele promete divulgar todo o processo, com os relatórios das falhas encontradas,
assim que o processo da licitação estiver concluído e os contratos para a
obra, assinados.
A divergência, ainda segundo Lourenço, ocorreu porque a Dersa fez a
desclassificação dos grupos - e a qualificação das empresas vencedoras do
certame - segundo critérios que seguem a Lei de Licitações (lei federal
8.666): quando há alguma falha nas planilhas de custos apresentadas por um
grupo, ele é desclassificado.
Critérios
Ocorre que essa licitação não segue a íntegra da lei. "Como o
financiamento é internacional, a legislação permite que nós usemos os
critérios definidos pelo BID", diz Lourenço.
Pelos parâmetros do banco, eventuais falhas encontradas nas planilhas
de custos devem ser comunicadas ao grupo autor da proposta e o erro pode ser
corrigido - isso desde que o consórcio concorde com as mudanças e isso não
altere o preço final da proposta. Foram essas idas e vindas de dados que
acabaram atrasando a liberação da licitação, ainda segundo o presidente.
Os 18 consórcios apresentaram 60 propostas (a regra permite propostas
para mais de um lote). E cada uma tem uma planilha para composição de preços
com 700 itens - o que dá 42 mil contas a serem checadas.
Segundo Lourenço, o último contato formal do banco com a Dersa havia
ocorrido no fim do ano, quando os últimos esclarecimentos foram prestados.
Desde então, o governo estava esperando a liberação do banco para que a
licitação seguisse (o documento se chama Não Objeção) ou por novos pedidos de
esclarecimentos decorrentes de mais falhas encontradas. A liberação formal
veio no fim da tarde da última sexta-feira, fora do prazo hábil para incluir
o resultado na edição de segunda-feira do Diário Oficial do Estado.
Carnaval
Depois de publicar o resultado, a Dersa terá de dar cinco dias de
prazo para recurso por parte dos consórcios derrotados. Após o período, os
contratos poderão ser assinados e as ordens de serviço para início das obras,
emitidas. "Nossa expectativa é de que as obras tenham início logo após o
carnaval", diz Lourenço. As empresas terão prazo contratual de 36 meses
para concluir a obra, de modo que, no cenário mais otimista, o Rodoanel Norte
só será entregue no fim de janeiro de 2016 - isso se nenhum dos derrotados
questionar o processo na Justiça, como ocorreu no ano passado.
Promessa de campanha do governador, a obra é tida como a principal
estrutura que falta para a retirada do tráfego de caminhões da capital. Será
ligada ao Aeroporto de Cumbica.
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