Instituições
ligadas ao agronegócio vêm se articulando para promover e garantir a execução
de projetos de infraestrutura capazes de remediar o déficit logístico do setor
— onerado, por esse motivo, em até R$ 5 bilhões, de acordo com o ex-ministro do
Planejamento Pedro Parente.
“O
esforço é direcionado ao Arco Norte”, diz o diretor do Movimento Pró-Logística,
Edeon Ferreira, explicando que a “saída natural” para 70% da produção de grãos
mato-grossense (a maior) são estradas e portos que atravessam ou estão em
estados nortistas e do nordeste. E a construção de malhas ferroviária e
hidroviária no Brasil é urgente, segundo o especialista.
Os
integrantes da iniciativa se reuniram ontem, em Brasília, como fazem a cada
sessenta dias, para avaliar a evolução das obras consideradas cruciais.
“Todos os
projetos elencados estão andamento. O momento é de expectativa quanto ao
lançamento do pacote para portos do governo federal”, disse Ferreira. O anúncio
do novo plano econômico deve ser feito em outubro pela presidente Dilma
Rousseff.
Uma das
prioridades do movimento é a construção da Ferrovia de Integração do
Centro-oeste (Fico), que ligará, a princípio, os Municípios de Campinorte (GO)
e Lucas do Rio Verde (MT). Entregue à iniciativa privada pelo governo federal,
o percurso de 970 quilômetros é estimado em R$ 4 bilhões e deve ser disputado
no ano que vem e fundado em 2014.
Outra
obra prioritária, e já em andamento, é a pavimentação da Rodovia BR-163, que
permitirá o transporte de mercadorias de cidades como Sorriso (MT) ao Porto de
Belém (PA). O frete, então, passaria a custar o equivalente a 35% do que se
gasta com o envio de grãos a Santos (SP), de acordo com Ferreira.
“A safra
de 2013/2014 já vai ter condições de ser escoada por essa estrada, que está em
plena obra. Seis milhões de toneladas de grão poderão passar por ela em 2014”,
afirma Ferreira.
Relatórios
de viagens do Movimento Pró-Logística, que mobiliza equipes para analisar as
condições das principais rodovias do Centro-oeste, mostram a fadiga do sistema
rodoviário regional, com estradas com sobrecarga de fluxo de até 400% e
caminhões trafegando em velocidade média inferior a 60 km/h.
“Infelizmente,
ao longo da história do Brasil, o desenvolvimento da logística se deu só em
rodovias. E, no Mato Grosso, ainda há poucas rodovias e um agravante: a
infraestrutura é dos anos 1970”, observa Ferreira.
Segundo
suas contas, o custo do frete no Brasil, considerando o Centro-oeste como ponto
de origem, é cerca de cinco vezes maior do que o dos Estados Unidos, ao se comparar
distâncias proporcionais. “De Sorriso para a China, gastamos US$ 170. A partir
de Illinois [EUA], gastam-se US$ 71.”
José
Almiro, que cultiva soja em 1,4 mil hectares, concorda com Ferreira, a respeito
das condições infraestruturais da região: “Nosso município é carente de
armazéns. A infraestrutura é da época da colonização [do Centro-oeste, na
década de 1970].”
O
produtor destaca o aumento de custos provocados pelas discussões em torno da
Lei do Descanso de Caminhoneiros — cujo nome se explica e, consequentemente,
leva a fretes mais caros. As tradings já repassaram a alta para os agricultores
de Nova Xavantina, segundo Almiro, descontando-a no preço pago pela saca de
soja. “Passaram a pagar R$ 55. Era para estarem pagando R$ 60”, diz o
sojicultor.
Ministro
critica Conab
Mendes
Ribeiro Filho, o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa),
criticou ontem, em Brasília, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O
motivo são os problemas na distribuição dos estoques públicos de milho. “Nunca
vi nada igual na minha vida. Esta falta de planejamento e de preparo da Conab
como um todo”, declarou. E voltou a defender a regionalização dos armazéns,
“para termos uma situação diferente no ano que vem”.
Fonte.: Panorama Brasil