segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Setor defende escoamento para o norte via rios e trilhos


Instituições ligadas ao agronegócio vêm se articulando para promover e garantir a execução de projetos de infraestrutura capazes de remediar o déficit logístico do setor — onerado, por esse motivo, em até R$ 5 bilhões, de acordo com o ex-ministro do Planejamento Pedro Parente.

“O esforço é direcionado ao Arco Norte”, diz o diretor do Movimento Pró-Logística, Edeon Ferreira, explicando que a “saída natural” para 70% da produção de grãos mato-grossense (a maior) são estradas e portos que atravessam ou estão em estados nortistas e do nordeste. E a construção de malhas ferroviária e hidroviária no Brasil é urgente, segundo o especialista.

Os integrantes da iniciativa se reuniram ontem, em Brasília, como fazem a cada sessenta dias, para avaliar a evolução das obras consideradas cruciais.

“Todos os projetos elencados estão andamento. O momento é de expectativa quanto ao lançamento do pacote para portos do governo federal”, disse Ferreira. O anúncio do novo plano econômico deve ser feito em outubro pela presidente Dilma Rousseff.

Uma das prioridades do movimento é a construção da Ferrovia de Integração do Centro-oeste (Fico), que ligará, a princípio, os Municípios de Campinorte (GO) e Lucas do Rio Verde (MT). Entregue à iniciativa privada pelo governo federal, o percurso de 970 quilômetros é estimado em R$ 4 bilhões e deve ser disputado no ano que vem e fundado em 2014.

Outra obra prioritária, e já em andamento, é a pavimentação da Rodovia BR-163, que permitirá o transporte de mercadorias de cidades como Sorriso (MT) ao Porto de Belém (PA). O frete, então, passaria a custar o equivalente a 35% do que se gasta com o envio de grãos a Santos (SP), de acordo com Ferreira.

“A safra de 2013/2014 já vai ter condições de ser escoada por essa estrada, que está em plena obra. Seis milhões de toneladas de grão poderão passar por ela em 2014”, afirma Ferreira.

Relatórios de viagens do Movimento Pró-Logística, que mobiliza equipes para analisar as condições das principais rodovias do Centro-oeste, mostram a fadiga do sistema rodoviário regional, com estradas com sobrecarga de fluxo de até 400% e caminhões trafegando em velocidade média inferior a 60 km/h.
“Infelizmente, ao longo da história do Brasil, o desenvolvimento da logística se deu só em rodovias. E, no Mato Grosso, ainda há poucas rodovias e um agravante: a infraestrutura é dos anos 1970”, observa Ferreira.

Segundo suas contas, o custo do frete no Brasil, considerando o Centro-oeste como ponto de origem, é cerca de cinco vezes maior do que o dos Estados Unidos, ao se comparar distâncias proporcionais. “De Sorriso para a China, gastamos US$ 170. A partir de Illinois [EUA], gastam-se US$ 71.”
José Almiro, que cultiva soja em 1,4 mil hectares, concorda com Ferreira, a respeito das condições infraestruturais da região: “Nosso município é carente de armazéns. A infraestrutura é da época da colonização [do Centro-oeste, na década de 1970].”

O produtor destaca o aumento de custos provocados pelas discussões em torno da Lei do Descanso de Caminhoneiros — cujo nome se explica e, consequentemente, leva a fretes mais caros. As tradings já repassaram a alta para os agricultores de Nova Xavantina, segundo Almiro, descontando-a no preço pago pela saca de soja. “Passaram a pagar R$ 55. Era para estarem pagando R$ 60”, diz o sojicultor.
Ministro critica Conab

Mendes Ribeiro Filho, o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), criticou ontem, em Brasília, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O motivo são os problemas na distribuição dos estoques públicos de milho. “Nunca vi nada igual na minha vida. Esta falta de planejamento e de preparo da Conab como um todo”, declarou. E voltou a defender a regionalização dos armazéns, “para termos uma situação diferente no ano que vem”.

Fonte.: Panorama Brasil