A
construção de novos acessos rodoviários ao Porto de Santos na entrada da Cidade
pode ser incluída no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) Mobilidade
Urbana, do Governo Federal. O pedido será feito pelo prefeito João Paulo Papa
(PMDB) nesta quinta-feira (30), em reunião no Ministério das Cidades, em
Brasília. Esta é uma saída para resolver o impasse na implantação dessas vias
na região da Alemoa e, assim, eliminar o principal gargalo logístico do
complexo marítimo atualmente.
O plano
de pedir a ajuda de Brasília para o empreendimento foi anunciado por Papa
ontem, em entrevista exclusiva a A Tribuna.
Durante o
anúncio, o prefeito estava acompanhado pelo presidente da Companhia de
Engenharia de Tráfego (CET), Rogério Crantschaninov, e pelos secretários de
Desenvolvimento e Assuntos Estratégicos, Márcio Lara, e Planejamento, Bechara
Abdala Pestana Neves.
Segundo o
chefe do Executivo municipal, pedidos formais foram enviados ao Governo do
Estado para a execução da obra. Papa explicou que projetos para os novos
acessos foram feitos pela Prefeitura e analisados por técnicos da Secretaria
Estadual de Transportes, durante a gestão anterior, quando Mauro Arce comandava
a pasta.
O
empreendimento prevê a implantação de um sistema binário com duas marginais e
quatro alças de acesso. A primeira dará acesso ao Distrito Industrial e
Portuário da Alemoa, onde operam vários terminais retroportuários; a segunda, à
Avenida Perimetral da Margem Direita, em construção pela Codesp; a terceira,
aos terminais retroportuários da Zona Noroeste; e a última, à Avenida Martins
Fontes, na entrada da Cidade, que cruza com a Avenida Nossa Senhora de Fátima.
Porém,
segundo o Estado, não há registro de pedidos formais feitos pela Cidade para a
solução dos graves problemas viários dessa região. A Tribuna entrou em contato
com o Governo do Estado para saber o que aconteceu com a proposta encaminhada
pela Prefeitura. Tanto a Secretaria de Estado de Transportes, quanto a Agência
Reguladora de Serviços Públicos Delegados de Transporte do Estado de São Paulo
(Artesp) e o Departamento de Estradas de Rodagem (DER) informaram não ter
conhecimento de projetos encaminhados pela Administração Municipal.
Mesmo
diante da negativa do Estado, Papa não vê necessidade de formalizar novamente o
pleito, por “não se pautar por formalidades administrativas e, sim, por
planejamento estratégico”. Segundo ele, o pedido será reapresentado se isso for
solicitado pelo Palácio dos Bandeirantes, que já teve acesso ao projeto e aos
ofícios enviados.
“Há uma
sombra política, um vazio nesse trecho. Fica a impressão de que não é
responsabilidade de ninguém. Mas na minha opinião é do Estado, porque estamos
falando das ligações da rodovia com seus clientes e é preciso dar agilidade a
isso, tanto quanto está sendo agilizado o túnel. Não se trata de jogar
responsabilidade no colo dos outros, mas isso não compete à Cidade”, afirmou o
prefeito.
Problema
Nacional
Apesar de
defender que as intervenções são de responsabilidade do Governo do Estado, Papa
acredita que o problema pode ser tratado na esfera federal, já que se trata dos
acessos ao maior porto da América Latina, responsável por grande parte das
exportações brasileiras. Por isso, ele pretende reunir o ministro dos Portos,
José Leônidas Cristino, e o governador Geraldo Alckmin para debater o assunto.
Segundo o prefeito, o ministro, em conversas preliminares, se dispôs a
participar do encontro, na Capital.
A ideia é
que o processo ocorra com rapidez, já que serão necessários pelo menos 24 meses
para a conclusão das obras, que devem custar cerca de R$ 500 milhões aos cofres
estaduais. Durante este tempo, o Porto prevê recordes de movimentação e o
problema deve se agravar.
“A
entrada da Cidade vai muito bem, obrigado. O problema que o cidadão ou o
caminhoneiro enfrenta é de acesso rodoviário à Cidade e ao Porto de Santos.
Nosso gargalo, de fato, é a conexão do Sistema Anchieta- Imigrantes com seus
clientes”, destaca João Paulo Papa.
O
prefeito destaca que desapropriações no bairro Chico de Paula já foram feitas
para permitir o início das obras a qualquer momento. Já na Rua Júlia Ferreira
de Carvalho, no mesmo bairro, uma desapropriação depende de decisão judicial.
“O
trânsito de caminhões entre as duas margens do Porto é indesejável para Santos.
Não queremos esse trânsito do Porto ao retroporto dentro da Cidade. Já pedimos,
fizemos o projeto e vamos atrás de recursos”, afirma Papa.
Fonte: A Tribuna