A carga
transportada por contêineres nos portos brasileiros vai dobrar em dez anos. O
setor tende a crescer 7,4% ao ano entre 2012 e 2021. A expansão vai fazer com
que o volume de contêineres possa atingir 14,7 milhões de TEUs em 2021, 90% a
mais do que em 2011, quando o país movimentou 8,2 milhões de TEUs. A alta será
acompanhada por um aumento de capacidade suficiente para atender a demanda no
período. Os investimentos para acompanhar o crescimento do mercado podem
superar R$ 10 bilhões nos terminais de contêineres de uso público, instalados
nos portos organizados para prestar serviços a terceiros.
As
projeções constam do estudo "Portos 2021 - Avaliação de Demanda e
Capacidade do Segmento Portuário de Contêineres no Brasil". O trabalho foi
preparado pelo Instituto de Logística e Supply Chain (ILOS) sob encomenda da
Associação Brasileira dos Terminais de Contêineres de Uso Público (Abratec).
Dos cerca
de R$ 10 bilhões que podem ser aplicados nos terminais de contêineres de uso
público em dez anos, R$ 3,5 bilhões estão aprovados para o período 2012-2016,
segundo a Abratec. Há ainda, de acordo com a entidade, previsão de R$ 1 bilhão
para a construção de dois terminais em Suape (PE) e Manaus (AM), além de R$ 6
bilhões em perspectiva de investimento para o período 2016-2021. O previsto chega
a R$ 10,5 bilhões.
Paulo
Fernando Fleury, diretor-geral do ILOS, diz que o estudo separou os terminais
de contêineres em sistemas ou "clusters", de acordo com as
características geográficas ou de mercado. A posição de alguns terminais pode
fazer com que eles se sobreponham a outros na escolha da escala dos navios
pelas empresas de navegação, diz Luis Filipe Veiga, também do ILOS. Após as
análises, o instituto definiu sete "clusters" para os terminais de
contêineres de uso público que foram chamados de Extremo Sul (RS), Sul (SC e
PR), Santos (SP), Leste (RJ e ES), Nordeste (BA, PE e CE), Norte (PA) e Manaus
(AM).
A
conclusão do trabalho é que os "clusters" poderão ter capacidade
suficiente para atender a demanda até 2021 se forem executadas as adequações e
expansões autorizadas pelas respectivas autoridades portuárias, empresas
públicas encarregadas da administração dos portos, em sua maioria as companhias
docas. Na conclusão, o ILOS diz que o "cluster" Sul, em Santa
Catarina, também poderá atender a demanda até 2021.
Essa região opera no limite
de sua capacidade considerando-se somente os três terminais de uso público
(TCP, APMT Itajaí e TESC).
Mas se
também forem incluídas na análise os terminais de uso privativo misto que
operam em Santa
Catarina para movimentar cargas próprias e de terceiros, a taxa
de ocupação dos terminais no "cluster" Sul cai de forma considerável.
O trabalho do ILOS usa como premissa a taxa de ocupação de 65% nos terminais,
ideal para prestar bom nível de serviço e evitar filas.
Em Santos,
principal porto do país, a capacidade potencial dos terminais de contêineres
chega a 6,1 milhões de TEUs em 2013 levando-se em conta a entrada em operação
da Embraport, novo terminal de uso privativo misto no porto. A concorrência
entre os terminais de contêineres de uso público e os privativos mistos é um
tema que motivou muitas discussões nos últimos anos.
O ILOS
não entrou na discussão regulatória. Centrou o estudo em projeções de
capacidade e demanda em horizonte de dez anos. Na análise de capacidade,
comparou as empresas entre si e tomou como referência, para fazer as projeções,
o terminal tido como referência de mercado. A capacidade potencial máxima desse
terminal foi calculada de acordo com algumas premissas, entre as quais o número
de 25 movimentos por hora por portêiner (usado para movimentar os contêineres a
bordo nos navios).
Pelo lado
da demanda, as estimativas consideraram a navegação de longo curso, a cabotagem
e a tendência de mais produtos passarem a usar contêiner. Normalmente usados para
transportar produtos de alto valor agregado, os contêineres passaram a servir
para o transporte de granéis como açúcar, café, celulose, produtos
siderúrgicos, suco de laranja e fertilizantes, entre outros. Só essa tendência
à conteinerização pode aumentar os volumes anuais transportados em um milhão de
TEUs.
O estudo
mostrou ainda que o Nordeste é a região do país que deverá ter o maior
crescimento na movimentação de contêineres com uma taxa média anual de 8,9% até
2021. Em segundo lugar fica Manaus, com 8%.
Fonte: Avicultura Industrial