Uma
semana depois de interromper a principal rodovia do País , a Presidente Dutra,
que liga São Paulo ao Rio de Janeiro, caminhoneiros terminaram no meio da tarde
desta quarta-feira a primeira reunião de negociação com o governo, mas deixaram
o encontro falando línguas diferentes.
O
representante do Ministério do Trabalho, secretário-executivo Marcelo
Perrupato, deixou o encontro evitando perguntas dos jornalistas, sinalizando
que nem todos os pleitos dos caminhoneiros serão atendidos, conforme prometeu
uma das lideranças sindicais da categoria.
Os
motoristas mostraram-se claramente divididos em diferentes grupos, um deles
ameaçando os demais e criando confusão com a segurança da Agência Nacional de
Transportes Terrestres (ANTT), onde foi realizada a primeira reunião da mesa de
negociação aberta pelo governo.
Enquanto aguardavam
do lado de fora, autônomos chamavam de "picaretas" os representantes
da Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos, Diumar Bueno, e da
União Nacional dos Caminhoneiros, José Araújo da Silva, o "China",
que participam do diálogo com o governo.
Em
discurso para os manifestantes, o presidente do Movimento Brasil União
Caminhoneiro, Nelio Botelho, afirmou que a ANTT estaria disposta a
"responder todos os nossos problemas" podendo até "revogar"
normas. Uma das regras em vigor, bombardeada pelos sindicalistas, permite a
concessão de licença para transporte de carga a empresas de outros setores,
como fazendas, empreiteiras de construção civil etc.
Grupos de
discussões
Essas
permissões acrescentaram 600 mil trabalhadores ao setor nos últimos dois anos,
segundo Botelho. Segundo a assessoria de imprensa do Ministério dos
Transportes, ficou acertado que as demandas dos caminhoneiros serão discutidas
em quatro grupos de trabalho temáticos.
O
primeiro discutirá normas e regulamentos, outro a construção de pontos de
parada, o terceiro vai debater questões fiscais e tributárias e o quarto,
aspectos jurídicos. "Isso tudo vai ser negociado na semana que vem",
respondeu a Pasta, quando indagada sobre as promessas feitas por Botelho.
Os
caminhoneiros protestam contra a ausência de infraestrutura nas rodovias, o que
não permite o cumprimento de uma lei que estabelece paradas obrigatórias de
descanso periódicas. Pedem, ainda, o retorno ao modelo anterior, sem licenças
para empresas que não sejam de carga, entre outras reivindicações.
A mesa de
negociação tem prazo de 30 dias. Além do Ministério dos Transportes, integram o
grupo representantes do Ministério do Trabalho, da Polícia Rodoviária Federal,
da ANTT, do Ministério Público do Trabalho, da Secretaria Geral da Presidência
da República, do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) e do Conselho
Nacional de Trânsito (Contran).
Fonte: Agência Estado