Um pacote
de auxílio aos estados, anunciado na sexta-feira, em Brasília, após reunião
entre os governadores e a presidente Dilma Rousseff, prevê o repasse de R$ 20
bilhões, via financiamento do Bndes, para ações de infraestrutura de acordo com
as necessidades específicas de cada unidade da federação. A parcela do Rio
Grande do Sul, avaliada em R$ 475 milhões, depende da apresentação de projetos
prioritários aprovados até janeiro de 2013. O planejamento, segundo o Palácio
Piratini, será definido ainda em 2012, por meio de encontros e reuniões com
representantes de diversos setores. Foi solicitado às secretarias que
apresentem seus principais projetos até o final desta semana, prioritariamente
que já estejam em andamento. Entidades avaliam como positivo o aporte, mas
chamam a atenção para a urgência de recuperação da capacidade de investimentos
públicos.
Conforme
o presidente do Sindicato da Indústria da Construção de estradas e Obras de
Pavimentação e Terraplanagem, Nelson Sperb Neto, uma reunião marcada para
amanhã pode finalizar a apresentação de três projetos que demandariam boa parte
dos recursos. Segundo ele, as duplicações da RS-324, entre Passo Fundo e Marau
(orçada em cerca de R$ 150 milhões), da RS-509, no acesso à Camobi, em Santa
Maria (R$ 150 milhões), e a RS 470, entre Farroupilha e Garibaldi (R$ 50
milhões), já possuem estudos encaminhados e devem encabeçar a listas das obras
contempladas. Além disso, o dirigente afirma que falta uma definição para a
possibilidade de utilização do restante do dinheiro, cerca de R$ 75 milhões, na
manutenção de estradas e consultorias viárias para o Interior do Estado.
Enquanto
aguardam a fixação da destinação dos aportes, os membros da Câmara Temática de
Infraestrutura e Logística do Conselhão começam a se debruçar sobre o assunto a
partir do dia 28 de junho, quando uma nova rodada de diálogos ocorre em
Farroupilha. Na opinião do conselheiro e presidente do Sindicato dos Empregados
em Transportes Rodoviário de Cargas (Sinecarga), Paulo Roberto Barck, os pontos
de maior relevância se referem às soluções para a construção da RS-010 (entre a
BR-290 e a RS-118) e para a mobilidade na Região Metropolitana de Porto Alegre.
Para o
presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), Heitor
José Müller, o Rio Grande do Sul não consegue superar a marca de 3,5% do
orçamento em infraestrutura e outros estados chegam a destinar até 30% para a
área. Por isso, ele identifica um atraso histórico e aponta gargalos como
somente 12 mil quilômetros de vias pavimentadas, apenas 400 quilômetros de
rodovias duplicadas e o abandono de mil quilômetros de malha ferroviária. “É
incompreensível que não tenhamos uma estrada duplicada, por exemplo, entre
Porto Alegre e Caxias do Sul, que é o maior polo industrial do Interior. Por
outro lado, este recurso pode ser insuficiente para uma duplicação até Caxias,
pois envolve um trecho bastante complicado, entre São Vendelino e Farroupilha,
na subida da Serra. Além disso, a ausência de transporte lacustre, a
inexistência de transporte ferroviário e a necessidade de abertura de novas
rodovias são alguns aspectos que comprovam a deficiência”, avalia.
Na
opinião do industrial, o sucateamento estrutural é um dos fatores que contribui
para que a indústria gaúcha “sofra” com os custos logísticos e seja
“penalizada” com a falta de competitividade de seus produtos. De modo geral,
Müller diz que o recurso é bem-vindo, justamente, para recuperar o tempo
perdido e a escassez de investimentos públicos na área.
Principais
propostas
•Investimentos
em modais alternativos, como hidrovias e ferrovias
•Ampliação
da extensão de apenas 12 mil km de rodovias pavimentadas
•Aumento
dos 400 km de estradas estaduais duplicadas
•Duplicação
da ligação entre Porto Alegre e Caxias do Sul, o principal polo industrial do
Interior
•Duplicação
da RS-324 (entre Passo Fundo e Marau), RS-509 (Acesso a Camobi) e RS-470 (entre
Farroupilha e Garibaldi)
•Elevação
do número de pistas da BR-116 entre Porto Alegre e Novo Hamburgo
•Conclusão
da RS-010, entre a BR-290 e a RS-118
Conjunto
de 39 melhorias amenizaria gargalos
Um
levantamento apresentado pelo movimento Agenda 2020, com a participação de
diversas entidades, incluindo a Comissão de Infraestrutura e Logística da
Federasul, destaca 39 melhorias responsáveis pela solução de alguns gargalos
estruturais do Rio Grande do Sul. Na opinião do vice-presidente da entidade,
Paulo Renato Menzel, o acesso asfáltico dos municípios e a ampliação da malha rodoviária
merecem atenção.
Outro
ponto destacado se refere à BR-116, no sentido Norte. Por ali circulam 130 mil
veículos por dia entre Porto Alegre e Novo Hamburgo e cerca de 70% do PIB
gaúcho passa pelo trecho. Apesar da construção da BR-448, a chamada Rodovia do
Parque, que servirá com alternativa ao trajeto, o documento prevê a necessidade
de ampliação do número de pistas para comportar o fluxo que atinge a 4,9
milhões de habitantes.
Para
Menzel, ampliação de modais alternativos também é fundamental. “É claro que os
R$ 470 milhões anunciados não são suficientes para solucionar todos os
problemas”, afirma.
Fonte : Guia Digital