Mais de um quarto da balança comercial do país passa pelo complexo
portuário de Santos. De acordo com os dados consolidados pela Codesp
(Companhia Docas do Estado de São Paulo), em 2012, 25,8% da movimentação das
trocas comerciais brasileiras (R$ 465,7 bilhões) aconteceram no Porto de
Santos. O novo recorde deixou o Porto isolado na liderança do ranking, mas os
gradativos ganhos também aumentaram os gargalos logísticos e trouxeram
problemas à Baixada Santista.
No último ano, a região foi sufocada pela falta de infraestrutura
adequada para o escoamento da safra agrícola e de outras mercadorias. Com os
prejuízos, tanto à operação portuária quanto às cidades, governos municipais,
estaduais e federais estipularam metas e investimentos para melhorar o fluxo
de mercadorias até os terminais. “De imediato, instituímos um Plano de
Contingências em Situação de Crise. Com ele, toda vez que ocorrer
congestionamentos por caminhões, temos acesso às câmeras de monitoramento e
podemos acompanhar a solução em tempo real. Estamos atuando, inclusive,
multando os terminais que trazem mais caminhões do que têm capacidade de
operar”, destaca o prefeito de Santos, Paulo Alexandre Barbosa.
A organização do sistema de logística dos terminais portuários (que
agora utilizam um sistema on line para registro da movimentação dos
caminhões) é apontada pelos prefeitos de Santos, Cubatão, Guarujá e Praia
Grande como a solução, a curto prazo, para os transtornos observados nas
rodovias de acesso e refletidos na rotina das cidades. A prefeita de Cubatão,
Márcia Rosa Silva, lembra que os impactos já vêm sendo comunicados há tempos
às autoridades. “Cubatão é uma cidade não só atravessada, mas segmentada
pelas rodovias e ferrovias. Quando a rodovia para por causa de um congestionamento,
a cidade para junto, pois os moradores não conseguem se locomover”, diz.
O recém criado Gabinete de Gestão de Crise, da Prefeitura de Guarujá,
tem sido responsável pelas principais ações emergenciais para solucionar os
problemas do trânsito no município. “O órgão foi essencial para equacionar a
logística viária e portuária na crise da supersafra, em maio deste ano, e
voltou a atuar firmemente na segunda quinzena de julho, quando novamente a
cidade foi invadida pelos caminhões”, lembra a prefeita Maria Antonieta. Ela
ainda destaca que os agentes da Guarda Civil Municipal se revezam, em plantões,
para controlar e monitorar a Rua Idalino Pinez (Rua do Adubo) e entorno.
O governante de Praia Grande, Alberto Mourão, também alerta para os
reflexos dessa relação porto/cidade, e diz que toda a região sente as
dificuldades. “Quando o porto praticamente se limitava a Santos e as cidades
do entorno não eram tão urbanizadas, tão populosas e não eram conurbadas, não
havia todo esse impacto. Isso também decorre do fato de o transporte
rodoviário ter sido estabelecido como matriz principal da logística, uma matriz
que não foi modernizada ao longo dos anos”, destaca Mourão.
Em maio, a prefeitura de Cubatão regulamentou o funcionamento dos
pátios reguladores do município. O resultado? Mais de 51 quilômetros de
congestionamentos e a necessidade de se formar uma comissão de gerenciamento
logístico integrado e algumas obras, como as da Rodovia Cônego Domênico
Rangoni - que acabou sendo “agilizada”, lembra a prefeita, Márcia Rosa.
Soluções rápidas – A criação de pátios reguladores, destacada por
Cubatão e já sinalizada pela concessionária que administra o sistema
Anchieta-Imigrantes e pela Codesp, é tida como uma das metas a curto prazo.
“Precisamos agilizar essa questão – fundamental – até que as obras de
infraestrutura estejam concluídas”, defende a prefeita cubatense. Já para
Mourão, além dos pátios é preciso agilizar as obras para a implantação do
ferroanel. “O transporte ferroviário, que hoje responde por menos de 5% do
total de carga transportada no país, passará a ser prioritário”, alerta.
Enquanto a mudança da matriz de transporte não é definitivamente
incorporada, os esforços concentram-se no gerenciamento do fluxo de caminhões
rumo aos terminais. “Os terminais estavam recebendo mais cargas do que a
capacidade de movimentação. A alternativa de imediato, e que surtiu um efeito
prático, foi a organização do sistema de logística dos terminais. A
autoridade portuária obrigou os terminais a informar com antecedência suas
programações logísticas, o que permite fiscalizar se este agendamento está
sendo respeitado”, destaca o prefeito de Santos, Paulo Alexandre Barbosa, que
ainda alerta para possíveis penalizações. “A Procuradoria Geral do Município
já sugeriu alterações no Código de Posturas, que será encaminhada à Câmara,
para permitir uma atuação mais efetiva. Os terminais que provocarem
transtornos à cidade poderão até ter o alvará de funcionamento cassado”,
alerta.
Já Guarujá, investe na construção de um novo acesso provisório ligando
a Rodovia Cônego Domênico Rangoni e Avenida Santos Dumont. “Esta solução
encontrada pela Prefeitura, Codesp e empresas do Porto deverá diminuir em 40%
o fluxo de caminhões na Rua do Adubo, já que os veículos com grãos deverão
ser destinados a este novo acesso, que fica próximo às empresas que trabalham
com este tipo de material”, explica Maria Antonieta. A obra será custeada
pelas próprias empresas portuárias, com um projeto formulado pela Prefeitura
de Guarujá.
Os problemas logísticos decorrentes do cais santista são tema de uma
mesa redonda com a presença dos governos municipais durante o Santos Export –
Fórum Internacional para Expansão do Porto de Santos, que acontece nos
próximos dias 26 e 27 de agosto, em Santos.
Retranca: Municípios defendem planejamento metropolitano
Os prefeitos de Santos, Cubatão, Guarujá e Praia Grande são unânimes
ao defender que as soluções para a região partem de um planejamento
metropolitano. “As necessidades e as soluções do Porto devem ser pensadas de
forma macro. As ações passam por todas as esferas de governo: municipal,
estadual e federal”, destaca Paulo Alexandre Barbosa.
Para Márcia Rosa, problemas metropolitanos precisam de soluções
metropolitanas. “Precisamos reformular nossas políticas e nossos órgãos
metropolitanos, como a AGEM (Agência Metropolitana da Baixada Santista) e o
Condesb (Conselho de Desenvolvimento da Baixada Santista), que precisam
ganhar mais autonomia e recursos para atuarem no desenvolvimento na região em
todas as suas áreas”, destaca a prefeita.
Defensor de mais investimentos e com mais agilidade, o prefeito de
Praia Grande vai além e diz que o Porto de Santos tem que ser visto como
solução para a região, para o estado e para o país. “A nossa região deveria
ter benefícios, mas não é o que ocorre hoje. Se Santos, Cubatão e Guarujá têm
os maiores PIBs do Brasil, isso não se traduz em ganhos, em mais empregos, em
qualidade de vida na região. É preciso um planejamento regional de maior
aproveitamento”, diz Mourão, que ainda alerta:
“Nosso grande desafio regional
é fazer com que a vocação retroportuária se concretize com resultados e
benefícios, não problemas, aos moradores”.
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Fonte.: Segs
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Criada em 1989 a RDC dedica-se ao desenvolvimento de soluções integradas de softwares de gestão corporativa e logística para o mercado latino americano. Empresa genuinamente brasileira, a RDC busca atender às necessidades específicas de seus clientes. Como consequência conquistou a liderança nacional em soluções para o setor de armazenamento, movimentação e distribuição de veículos zero km.