Que a infraestrutura logística e de transportes do País está em
frangalhos é de conhecimento geral. Mas não que marcos regulatórios lançados
aos montes, sem nenhum tempo de maturação entre um e outro, atravancam ainda
mais a já lenta evolução dos processos no Brasil. Assim postulou Paulo
Fleury, diretor-geral do ILOS (Instituto de Logística e Supply Chain), em sua
apresentação "O Futuro da Logística no Brasil" na quinta-feira, 7,
segundo dia do 23º Congresso Fenabrave. “Cria-se assim um ambiente de muita
incerteza entre empresas que pretendem fazer investimentos por aqui.”
Fleury avalia que, em razão disso, “vivemos em um momento de paralisia
para ver o que vai acontecer, sem fazer grandes movimentações que possam
comprometer resultados”. O cenário macroeconômico, no entanto, impulsiona o
crescimento da demanda logística: o PIB tem crescido continuamente na última
década, assim como o comércio exterior. Tem ganhado força também a
interiorização das atividades econômicas que, uma vez descentralizadas, criam
novos mercados consumidores e, portanto, necessidade por transporte. “Este é
o principal driver de crescimento do consumo de veículos automotores neste e
nos próximos anos.”
A evolução das vendas de caminhões, na análise de Fleury, foram em
muito alavancadas por este advento, bem como para o suprimento da defasagem
de oferta de ferrovias para atender à crescente demanda. “Basta observar o
perfil dos modelos comercializados. Os segmentos que mais cresceram foram o
de pesados e de semipesados adequados, justamente, a operações de longas
distâncias, que deveriam ser feitas por trens.”
DILEMA
O custo logístico do Brasil com relação ao PIB é um dos mais altos do
mundo, e isso é reflexo direto da crônica deficiência de investimento em
infraestrutura no País. Ou, por pior, da má qualidade do que é feito. Em
2010, 10,6% de toda a riqueza produzida no País desaguou em operações
logísticas. Nos Estados Unidos, por exemplo, este mesmo custo é de 7,7%.
Outro ponto é a questão da idade média da frota circulante. “No mundo
inteiro, conforme o veículo envelhece, mais impostos ele paga. No Brasil é o
oposto. Isso gera uma redução enorme de produtividade, eficiência, fora os
acidentes e impacto ambiental.”
Por falar em falta de lógica, em média as obras públicas levam até o
dobro do tempo originalmente previsto para serem concluídas. Isso,
naturalmente, implica em custos muito maiores. “Para citar apenas um exemplo,
a construção da ferrovia Norte-Sul estava prevista para três anos, com R$ 7
bilhões em investimentos. Levou, afinal, quatro anos a mais. Qualquer empresa
privada com um atraso desses quebraria. Mas, como o aporte veio dos cofres
públicos, nada aconteceu.”
Esse tipo de distorção é uma constante na realidade logística
brasileira. E Fleury parece colecioná-las.
“Só aqui se anda mais para gastar
menos.” Para ilustrar, ele comenta a via sacra de uma empresa instalada no
Rio de Janeiro (RJ) para economizar. Com isenção de impostos em Anápolis
(GO), passou a importar insumos de alto valor agregado via Brasília para, de
lá, despachá-los para o Rio, a 1.400 quilômetros de distância, onde seriam
embalados. E, depois, de volta para Anápolis para os produtos serem,
finalmente, distribuídos. “Só assim a empresa conseguiu ter lucro, com esse
passeio logístico. Se gasta mais dinheiro com transporte, combustível,
mão-de-obra, tempo. É uma distorção absurda, um incentivo à improdutividade.”
Mas algumas iniciativas têm surtido efeito, como as restrições de
circulação em alguns centros urbanos do País e, em termos de
sustentabilidade, a gradual customização de veículos em frotas segregadas
para adequá-los a suas atividades fim. É o caso da Martin Brower,
transportadora oficial de uma grande rede de fast food que, com o óleo usado
para fritura nas lanchonetes, o transforma em biodiesel que abastece 40% de
sua frota. E, de quebra, reduz em 7% suas emissões. “Com um investimento
girando em torno de apenas 0,5% do PIB – enquanto na China é de 10,6%, Índia
8% e Rússia 7% - ações como estas, ainda que localizadas, fazem a diferença
para fazer a roda continuar girando.”
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Fonte.: Automotive Business
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Criada em 1989 a RDC dedica-se ao desenvolvimento de soluções integradas de softwares de gestão corporativa e logística para o mercado latino americano. Empresa genuinamente brasileira, a RDC busca atender às necessidades específicas de seus clientes. Como consequência conquistou a liderança nacional em soluções para o setor de armazenamento, movimentação e distribuição de veículos zero km.