O pedágio de R$ 1,50 da BR-101 entre Curitiba e Florianópolis terá que
ser reduzido em 15,4% devido a obras atrasadas ou não feitas, segundo decisão
do TCU (Tribunal de Contas da União) na semana passada.
Por problemas semelhantes aos da estrada de Santa Catarina, as
concessões de outras seis estradas feitas em 2007 estão sob investigação do
órgão de controle.
Cinco anos depois da assinatura dos contratos, a execução das
principais obras previstas está muito atrasada ou nem sequer começou.
Entre elas está a rodovia Régis Bittencourt, entre São Paulo e
Curitiba, que até hoje não teve completada sua duplicação na chamada serra do
Cafezal. Na semana passada, a licença ambiental para a obra foi mais uma vez
indeferida pelo Ibama.
O TCU apontou que a empresa responsável pela concessão da BR-101, a
OHL, além de atrasar ou não fazer parte das obras determinadas em contrato,
fez reformas de baixa qualidade na pista. Mesmo com os problemas, a ANTT
(Agência Nacional de Transportes Terrestres) subiu o valor do pedágio nos
últimos anos além do devido.
Ainda cabe recurso da decisão no próprio TCU.
O trecho da BR-101 foi concedido em 2007, na gestão do ex-presidente
Lula, com outras seis estradas.
Em todas, houve grandes deságios e os preços
dos pedágios ficaram próximos de R$ 1. A OHL venceu cinco concorrências.
O leilão foi comemorado na ocasião pelo governo, que creditou o
resultado favorável à então ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff.
RECEITAS
No caso da BR-101 na região Sul, havia previsão de construção de um
contorno em Florianópolis, que não foi iniciado.
Segundo o relatório, as justificativas da ANTT e da concessionária
para a não realização dessa obra -fazer alteração no traçado- não são
razoáveis. Para o órgão, o novo traçado proposto prejudica a população.
Os reajustes permitidos pela ANTT elevariam as receitas da OHL em
quase R$ 800 milhões ao longo dos 25 anos de concessão, segundo projeção do
TCU.
Para o tribunal, a agência não fiscaliza o contrato de forma adequada.
"Aspectos fundamentais para a fiscalização do contrato foram e continuam
sendo negligenciados pela ANTT", aponta um trecho do relatório.
O TCU impediu a agência reguladora de conceder novas postergações para
a realização das obras.
Decidiu ainda ouvir todos os responsáveis pela
agência que aprovaram mudanças ou foram apontados como negligentes na
fiscalização.
Entre os que serão ouvidos, está o ex-diretor-geral da agência
Bernardo Figueiredo.
Figueiredo teve seu nome rejeitado pelo Senado no início do ano para
um novo mandato na agência.
A presidente Dilma o nomeou então para a chefia da EPL (Empresa de
Planejamento e Logística), responsável pelos estudos das concessões de nove
rodovias.
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Fonte.: Folha de S. Paulo
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