Com a
autorização para que caminhões de pequeno porte circulem no centro expandido da
cidade de São Paulo, os fabricantes preveem expansão nas vendas e aumento de
encomendas.
Esse
previsão vai na contramão do mercado de caminhões pesados, que enfrenta 30% de
queda na produção e 9% de retração nas vendas de janeiro a abril ante o mesmo
período do ano passado.
Até
dezembro, as vendas dos chamados VUCs (Veículos Urbanos de Carga) e caminhões
leves devem crescer até 15% no país, segundo estimativas de montadoras.
As
empresas não separam as projeções por cidade, mas São Paulo é um dos maiores
mercados.
A
Prefeitura de São Paulo, de Gilberto Kassab (PSD), retirou em 17 de maio alguns
empecilhos à circulação desses caminhões (VUCs) nos 100 km² da zona máxima de
restrição à circulação.
Antes, só
circulavam das 10h às 16h. Agora, não há restrição de horário, mas os
caminhoneiros precisam se cadastrar na Secretaria Municipal de Transportes e
têm de respeitar o rodízio municipal.
As
empresas já identificaram maior procura por informações sobre caminhões que se
encaixam nos requisitos exigidos para VUCs: ter até 6,30 m de comprimento e
2,20 m de largura.
De janeiro
a abril, as vendas dos caminhões da Mercedes-Benz Acello 815 e 1016 (que se
enquadram nesse segmento) cresceram 7,3% ante igual período de 2011.
"As
consultas já aumentaram. O consumidor compara essa linha, que circula sem
restrição e tem peso bruto total de 8 t a 10 t, com as caminhonetes asiáticas,
de até 3,5 t", diz Wilson Baptistucci, engenheiro da Mercedes. "Um
VUC da Mercedes substitui até quatro picapes coreanas."
Na Iveco,
o incremento nas vendas neste ano foi de 25% na linha Daily (com peso total de
2,8 t a 10 t). Para a empresa, a tendência é o cliente diversificar a compra de
veículos da categoria VUC.
A disputa
pelo mercado de caminhões leves e semileves também já chegou às campanhas
publicitárias. Na semana passada, a Hyundai iniciou campanha em jornais e
revistas para divulgar o HD 78, modelo que pode circular sem restrição e é
fabricado em Anápolis (GO).
A Ford
prepara ações para divulgar os benefícios da nova tecnologia Euro 5, que reduz
a emissão de poluentes e é obrigatória desde janeiro em todos os caminhões
-inclusive na linha Cargo, que se encaixa nos VUCs.
"O
cliente precisa de tempo para absorver as mudanças. Comprar caminhão não é como
a escolha de um carro, que tem componente emocional. Por isso, serão feitas
campanhas educativas para mostrar impactos positivos dessa nova
tecnologia", diz Marcelo Bueno, diretor de marketing da Ford.
As vendas
de caminhões pesados caíram neste ano em consequência da adoção de nova
tecnologia do motor (Euro 5) para atender ao programa de emissões de poluentes.
Na categoria VUC, a exemplo das demais, os preços subiram em torno de 10% a
15%, segundo os fabricantes.
Autônomos
compram mais van e furgão - As vendas de vans e furgões também crescem. De
janeiro a abril, a linha Transit da Ford cresceu 13%. Na Mercedes, também houve
aumento na linha Sprinter. Segundo Ary Ribeiro, da Kia Motors, foram vendidos
12 mil vans, furgões e chassis no Brasil no ano. "A participação da Kia
foi de 25%."
Fonte: Folha de S.Paulo