Maior
terminal portuário do país, com um movimento perto de 90 milhões de toneladas
de cargas em 2011, o Porto de Santos, no litoral paulista, carece de mais
planejamento e vontade política para estabelecer alternativas que superem os
atuais gargalos que dificultam o acesso para embarque e desembarque de
mercadorias.
Essa foi
a visão apresentada por empresários, armadores e gestores de autarquias
portuárias, em painel no 7º Encontro de Logística e Transportes, em São Paulo,
para quem as condições precárias no transporte de cargas, por conta dos
gargalos de acesso, rodoviário e ferroviário, trazem pesados impactos de custos
e transtornos para a população urbana, de Santos e São Paulo.
"A
melhoria de acesso é a decisão mais emergencial", resume Martin Aron,
diretor do Departamento de Infraestrutura (Deinfra) da Fiesp. Devido ao aumento
das exportações de commodities (96% do total de produtos exportados pelo Brasil
são realizados através dos portos), o terminal santista cumpre também uma
escalada de crescimento.
Em 1994,
o porto santista movimentava 34 milhões de toneladas de cargas. Em 2011, 14
anos depois, esse o movimento atingiu 85,9 milhões, o maior entre os portos
brasileiros, de acordo com dados do Anuário Estatístico Aquaviário. A
expectativa deste ano é de ultrapassar 100 milhões de toneladas.
"Isso
deve aumentar as dificuldades de escoamento e chegada de mercadorias, e vai
demandar mais acessos", analisa Mauro Salgado, diretor comercial e
administrativo da Santos Brasil, empresa de operação de contêineres. Ele
assinala que faltam planejamento e definição de alternativas para desafogar a
concentração do fluxo rodoviário, que cresce 20% a cada quatro anos. É uma
carga que passa pelo centro urbano de São Paulo.
Um
elemento complicador nesse cenário, de acordo com ele, é a expressiva evolução
da atividade de contêiner, que representa hoje a parcela que mais cresce no
movimento geral de cargas. Em 2011, o transporte por contêineres foi de 7,9
milhões de TEUs (unidade correspondente a um contêiner de 20 pés), o que
significou um aumento de 7,4% em relação a 2010.
O
investimento no modal ferroviário pode ser a alternativa, com vantagens
consideráveis, entre as quais a de redução de custos logísticos e melhorias na
movimentação de contêineres, aponta Guilherme Quintela, presidente da Contrail,
uma das principais operadoras de transporte multimodal de contêineres do país.
"A previsão é de que em seis anos dobre o movimento de contêineres em
Santos por conta de grandes investimentos privados", destaca Quintela.
O aumento
do transporte de em contêineres deve trazer benefícios para a navegação de
cabotagem, que, no ano passado, foi responsável pela movimentação de 133,2
milhões de toneladas. "A cabotagem tem amplo mercado a conquistar com a
expansão do mercado de contêineres, comenta Cleber Lucas, vice-presidente do
Sindicato Nacional das Empresas de navegação Marítima.
Fonte: Valor Econômico