Um homem
foi acusado de receptar uma serra e uma furadeira pertencentes ao lote do
caminhão com ferramentas elétricas furtado neste sábado. Agentes da 4ª
Delegacia de Investigações sobre Crimes contra o Patrimônio, do Departamento
Estadual de Investigações Criminais (Deic), prenderam em Vicente de Carvalho
ainda identificaram parcialmente outro suspeito de receptação.
Também
caminhoneiro, Reginaldo Moura da Silva, de 34 anos, estava com o seu veículo em
uma oficina na Rua Orlando Silva, no Jardim Boa Esperança, onde os agentes
compareceram. Acondicionadas ainda nas caixas originais, as ferramentas
elétricas foram achadas dentro do caminhão.
Questionado
sobre a origem dos equipamentos da Black&Decker, Reginaldo disse que os
comprou de um homem apelidado por João Cabelo, indicando um galpão na Rua
Manoel Otero Rodrigues, também em Vicente de Carvalho, onde ele poderia ser
localizado.
João
Cabelo não estava nesse endereço, mas lá os policiais do Deic recuperaram 1.669
furadeiras, 919 serras e 60 lixadeiras elétricas. As máquinas estavam nas
respectivas caixas, fazem parte da carga supostamente tomada de assalto e se
encontravam dentro de um contêiner de 40 pés.
O
delegado Amadeu Ricardo dos Santos, da delegacia do Deic, autuou Reginaldo em
flagrante por receptação. Porém, esse acusado pôde pagar fiança de R$ 3.110,00
para responder ao crime em liberdade.
Policiais
da DIG de Santos e do Deic dão continuidade às investigações. Eles tentam
identificar João Cabelo e as pessoas que participaram da trama armada pelo
motorista João Ferraz. Na hipótese de o grupo estar envolvido em outros casos
semelhantes, não está descartado o indiciamento dos acusados também pelo crime
de formação de quadrilha.
O caso
Após
comparecer à delegacia para comunicar o seu sequestro e o roubo do seu caminhão
e da valiosa carga de ferramentas elétricas que transportava, um caminhoneiro
foi desmascarado pelas contradições detectadas em sua versão.
Afastada
a condição inicial de vítima, restou ao caminhoneiro João Crisóstomo Figueira
Ferraz, de 48 anos, por enquanto, o indiciamento em inquérito por furto
qualificado e falsa comunicação de crime, conforme informou o delegado Marcelo
Gonçalves da Silva.
Responsável
pelo Setor de Repressão a Furtos e Roubos de Cargas, da Delegacia de
Investigações Gerais (DIG) de Santos, Marcelo afirma que não é o primeiro caso
descoberto de envolvimento do próprio caminhoneiro no roubo supostamente
cometido contra o motorista.
“Não por
acaso, nesses episódios as vítimas sempre estão com a chave dos veículos que
alegam terem sido roubados”, comenta o delegado. João Ferraz disse que
localizou depois o caminhão abandonado com as portas destravadas. Segundo ele,
a chave estava próxima, jogada no chão.
“Todas as
informações dadas preliminarmente no boletim de ocorrência são checadas.
Confrontamos esses dados com os relatos posteriores da própria pessoa que se
diz vítima e com as versões de eventuais testemunhas”, adverte o chefe dos
investigadores, Marcelo Canuto.
No caso
específico de João Ferraz, para complicar a sua situação, até o relato de sua
mulher o deixou em situação embaraçosa. Ele contou ter recebido telefonema da
Delegacia de Cubatão informando-o que o veículo roubado fora achado naquela
cidade, sob um viaduto da Vila Elizabeth.
Valor
dobraria com incidência tributária
O valor
da carga de ferramentas da Black&Decker declarado no Documento de
Transporte Aduaneiro (DTA) é de R$ 272.213,46. Porém, após a incidência de
tributos e outros custos, como o de transporte, essa mercadoria seria posta à
venda no País por, pelo menos, R$ 500 mil.
Segundo o
inspetor de sinistros da companhia seguradora Pamcary, Éderson da Silva Araújo,
os produtos recuperados em Vicente de Carvalho correspondem apenas a cerca de
30% da carga desviada. Ele acredita que é provável o restante do lote ainda
estar no Distrito de Guarujá.
“Denúncias
anônimas à polícia são importantes para auxiliá-la na recuperação das
ferramentas. Aparentemente, os envolvidos no furto não tinham um receptador
específico e dividiram o carregamento em lotes para oferecê-lo a possíveis
interessados”, avalia Araújo.
O
inspetor de sinistros afirma que a seguradora realiza um trabalho de apoio às
investigações, repassando informações recebidas e colocando à disposição todo o
seu aparato tecnológico. Segundo ele, a repressão policial deve ter o seu foco
voltado aos receptadores, “porque eles são os principais fomentadores dos
furtos e roubos de carga”.
Destino:
Uberaba
João Ferraz
foi contratado por uma transportadora para fazer um frete de ferramentas
importadas da Black&Decker no último dia 19 de janeiro. A viagem teve
início no Km 38 da Rodovia dos Imigrantes e o destino era o porto seco de
Uberaba (MG), onde a mercadoria seria nacionalizada. A carga chegou ao Brasil
pelo Porto de Santos.
Após não
conseguir mais contatos telefônicos com o motorista, a transportadora
responsável pelo frete comunicou à polícia o seu desaparecimento, informando
que o sistema de rastreamento do veículo por via satélite acusou o seu último
sinal no Km 410 da Rodovia Anhanguera, em Ribeirão Preto, na madrugada do dia
20.
No dia
seguinte, a suposta vítima compareceu à Delegacia de Cubatão e relatou que fora
rendida em um posto de combustíveis situado na Rodovia dos Bandeirantes, na
região de Campinas, onde parou para efetuar a regulagem dos freios, por volta
das 22h30 de 19 de janeiro.
Três
homens a obrigaram a deitar na cama da cabine do caminhão e circularam com o
veículo por aproxidamente oito horas. Depois, a passaram para outro veículo e a
levaram a um matagal, onde fora mantida em cárcere privado até o início da
madrugada de 21 de janeiro.
O
motorista percebeu que o cativeiro ficava às margens da Rodovia Cônego Domênico
Rangoni, em Cubatão, somente após ser libertado e sair sozinho da mata,
conforme alegou posteriormente na Delegacia de Cubatão, onde foi registrado o
caso de sequestro e roubo de veículo e carga.
Fonte: A Tribuna