Licenças ambientais que demoram a ser emitidas, contestações judiciais
movidas por empresas insatisfeitas com licitações e burocracia: essas são
algumas das justificativas para o atraso de obras que poderiam desafogar o
trânsito na BR-116, entre Porto Alegre e o Vale do Sinos. De nove promessas
apontadas pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit)
desde 2007 como opções para melhorar o fluxo no trecho mais movimentado do
Estado, três estão atrasadas e uma nem sequer saiu do papel. A demora pode
chegar a seis anos. E mesmo o que já foi feito não trouxe muito alento aos
130 mil motoristas que usam a rodovia diariamente e enfrentam
congestionamentos cada vez maiores.
— O usuário de carro ou de ônibus é o que mais sofre com os
investimentos atrasados na rodovia. O problema do ônibus é a pouca
rotatividade e o longo tempo para se chegar ao destino. Isso afugenta os
passageiros, que preferem o trensurb, um meio mais rápido de locomoção. Eu
dobraria o número de vagões da Trensurb. Isso tiraria muitos carros da
rodovia — sugere Luis Antonio Lindau, doutor em Transportes Urbanos e
professor da Faculdade de Engenharia da UFRGS.
Uma das obras atrasadas está em Sapucaia do Sul. A construção do
viaduto de acesso ao Centro vem provocando filas quilométricas nos dois
sentidos desde dezembro, quando os trabalhos tiveram início.
Demora de seis anos em viaduto
Motoristas perdem até 30 minutos para percorrer um trecho de 1,6
quilômetro, porque o afunilamento de cinco faixas para duas deixa o trânsito
lento. Orçada em R$ 33,1 milhões, a construção do viaduto foi anunciada em
2007, com previsão de conclusão para 2009, mas só teve início em 2012. O novo
cronograma prevê a inauguração para 2015.
Nem a principal aposta para destravar a rodovia, a construção da
Rodovia do Parque (a BR-448), escapou de entraves burocráticos. Deveria estar
em uso desde dezembro de 2011. Agora, o Dnit garante a entrega para dezembro
— dois anos depois do prazo inicial. Professor de Transportes e Rodovias da
UFRGS, João Fortini Albano afirma que ela pode absorver 40% da frota da
BR-116.
— Esses atrasos são ruins, pois o Estado perde a cada dia muito
dinheiro com os congestionamentos. De 130 milveículos que trafegam pela
BR-116,restarão 85 mil depois de pronta a Rodovia do Parque. Claro que o Dnit
ainda precisa resolver outros nós, como a construção de ruas laterais
ininterruptas entre Esteio e Estância Velha, por exemplo. Mas a BR-448 já
representaria um trânsito menos sufocante — avalia o doutor em Transportes.
Um dos projetos mais polêmicos gira em torno da Rodovia Inteligente,
um pacote de obras sugerido em 2010 pelo ex-superintendente do Dnit, Vladimir
Casa. Se colocado em prática, traria maior segurança aos motoristas e um
controle maior da Polícia Rodoviária Federal, principalmente na questão do
excesso de velocidade.
— Deveria ter sido implantado em 2011, mas não saiu do papel até
agora. Deve começar a existir no ano que vem — garante Pedro Luzardo,
superintendente do Dnit no Estado.
Não há verba prevista para o projeto.
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Fonte.: Zero Hora
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