Caminhoneiros
que viajam entre São Paulo e Curitiba têm sofrido ataques de criminosos nos
congestionamentos. A reportagem é de Robinson Cerântula, Fernando Ferro e César
Galvão.
É um dia
chuvoso em Juquitiba, última cidade da Grande São Paulo. Há uma longa fila de
caminhões na Régis Bittencourt. Um rapaz de agasalho escuro caminha no asfalto
e some no congestionamento.
A porta
do baú de um caminhão já foi arrombada e ele reaparece com uma caixa que acabou
de roubar, junto com um amigo. Eles vão para o acostamento, pulam uma mureta e
entram no meio do mato com a caixa.
De
repente, o terceiro ladrão sai de trás do caminhão e por pouco não é
atropelado. Um quarto ladrão foge por um morro, do outro lado da rodovia. O
caminhoneiro atacado, Marco Antônio Ferraz, ficou no local, sem saber o que
fazer.
“Escutei
balançar o caminhão e o menino já falou : aqui, ó, tão arrombando o seu baú.
Parado na fila, você vai para onde?”, diz ele.
O
caminhão nem tinha saído do lugar e um dos rapazes que participaram do ataque
volta para o acostamento. Dessa vez, comemorando.
O Engano
é um vilarejo, em Miracatu, já no interior de São Paulo, que cresceu à beira da
rodovia. Na área, o trânsito pode parar por vários motivos, um carro quebrado,
acidentes ou excesso de caminhões.
Por isso, segundo os motoristas, é um trecho
da Régis Bittencourt considerado de alto risco. Desde agosto aconteceram, neste
lugar, pelo menos dez arrastões.
Três
rapazes sobem o morro com uma ferramenta na mão. Do alto, observam o movimento
da rodovia.
Quando o trânsito para, eles descem. Dois vão para a pista, mas o
plano dá errado porque três carros da Policia Rodoviária Federal passam bem na
hora. Avisados, os policiais voltam e sobem o morro atrás dos suspeitos, mas só
encontraram uma ferramenta.
“A maior
dificuldade é pegar o flagrante. Os garotos vivem aqui à margem da rodovia,
eles veem a gente de longe, quando estamos chegando”, aponta um policial.
Fonte.: Jornal Nacional