Em
encontro com empresários paulistas realizado nesta quarta-feira (23) em São
Paulo, o governador Renato Casagrande demonstrou irritação com o andamento da
concessão do trecho da BR 101 no Espírito Santo. O processo se arrasta desde
janeiro, quando saiu o resultado do leilão. Ele falou pela primeira vez em
cancelamento do edital. Na semana passada, Casagrande fez uma sondagem junto à
Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), responsável pelo certame,
sobre essa possibilidade.
"Eu
quero é resolver o problema. O que temos hoje é um imbróglio judicial que só
prejudica o andamento do processo e os interesses do Espírito Santo. Se isso
não se resolver até o mês que vem, vamos começar a trabalhar com a
possibilidade de cancelamento do edital. Não podemos esperar mais, novembro é o
limite para essa situação atual", assinalou o mandatário, que promete
ligar novamente para a ANTT na semana que vem.
O
vencedor do leilão foi o consórcio Rodovia da Vitória. O Consórcio Capixaba,
segundo colocado na disputa, questionou na Justiça as falhas existentes no
plano de negócio apresentado pelo vencedor do certame.
As várias
ações protocoladas na Justiça e no Tribunal de Contas da União (TCU) resultaram
na suspensão da homologação do resultado do leilão e no adiamento da assinatura
do contrato, inicialmente previsto para o dia 12 de julho. O primeiro colocado
apresentou recurso contra as decisões judiciais e a ANTT foi liberada para
homologar o resultado da disputa. Mas ainda estão em vigor medidas liminares
que impedem a assinatura do contrato.
Além da
demora, a nova modelagem proposta pela ANTT e já utilizada nas concessões das
BRs 040 e 116, pôs combustível na vontade de Casagrande de anular o leilão. São
duas as alterações que mais atraíram a atenção do governador: o prazo para o
início da cobrança do pedágio passaria de 12 para 18 meses após a assinatura do
contrato e a rodovia teria de estar 100% duplicada em cinco anos, bem abaixo
dos 24 do contrato firmado na concessão da BR 101 no Espírito Santo.
"As
condições de fato são melhores para o usuário. Duplicação em cinco anos,
pedágio só em 18 meses, isso também conta, mas o foco principal é dar
celeridade ao processo, seja qual for o ganhador da concessão".
Além de
lamentar a situação da BR 101, o governador, muito questionado pelos
empresários paulistas sobre a logística do Estado, aproveitou a ocasião para
alfinetar a Infraero. "Continuamos sem novidades sobre o aeroporto.
Aproveitei para fazer uma reclamação pública sobre a dificuldade da Infraero em
resolver minimamente o problema". Casagrande também criticou o Exército
por não conseguir executar o projeto da pista.
Estado
ainda sem novidades sobre montadoras - A chegada de montadoras de automóveis no
Espírito Santo segue em banho-maria. Vinte dias depois do anúncio do novo
regime automotivo brasileiro, não há novidades, pelo menos para o Estado. Já
Santa Catarina vai receber a BMW e a Bahia, a JAC Motors.
"Continua
tudo na mesma. Por enquanto vêm Marcopolo (a fabricante de ônibus anunciou uma
planta para São Mateus) e CN Auto (em julho, anunciou fábrica para
Linhares)", disse o governador Renato Casagrande.
A
expectativa do governo era de que, com o anúncio do novo regime automotivo, uma
série de montadoras que já negociam com o Estado há algum tempo anunciassem
suas vindas. Por enquanto, nada andou.
Uma delas
seria a Land Rover, que promete anunciar sua decisão até o final do ano. A informação
é do diretor-presidente da Jaguar Land Rover na América Latina, Flávio Padovan,
acrescentando que a montadora analisa o projeto frente ao novo regime
automotivo (Inovar Auto), que valerá de 2013 a 2017.
"Temos
o desejo de produzir no Brasil, mas somente anunciaremos uma decisão após a
conclusão dos estudos", disse Padovan, em entrevista no 27º Salão
Internacional do Automóvel de São Paulo. O executivo não falou sobre
investimento, capacidade de produção ou local de instalação da possível fábrica.
Padovan afirmou apenas que a empresa vai adotar uma estratégia agressiva para
suportar a chegada de novos produtos, com o aumento da rede de concessionárias.
Em março,
a Brasil Montadora de Veículos (Bramo) assinou um protocolo de intenções para a
instalar uma fábrica em Linhares. Um investimento de US$ 300 milhões que ainda
não foi confirmado pela empresa.
Fonte.: A Gazeta – ES