O cerco
está se fechando contra os caminhões, em São Vicente. O anteprojeto do futuro
Plano Diretor do Município elaborado pela Prefeitura prevê que estabelecer
novos pátios destes veículos e até mesmo de contêineres ficará cada vez mais
difícil na área insular.
A ideia
da comissão criadora do texto é dificultar a implantação de equipamentos deste
porte em áreas urbanas. Isso porque o Poder Público ouve da população uma série
de queixas contra este tipo de atividade, que por vezes gera inclusive
prejuízos nos imóveis.
O Plano
Diretor em gestão visa normatizar e regulamentar uma série de conflitos e surge
em substituição ao anterior, de 1999, considerado defasado e confuso. Seu texto
foi feito por uma comissão formada pelo advogado Tiago Monnerat e pelos
arquitetos Maurício Martins Ferreira, Luiz Mauro Terra e Maria Célia Lervolino
Abdel Hafiz.
Pelo
anteprojeto, o local apropriado para estacionamento de caminhões e contêineres
– bem como de indústrias – seria às margens da Rodovia Padre Manoel da Nóbrega,
na Área Continental.
Isso não
significaria, porém, a proibição integral destes equipamentos na área insular,
conforme explica a arquiteta Célia Hafiz. “É um dificultador. Quem quiser se
instalar, até pode, mas vai ter que jogar dentro das novas regras”, adverte.
As
principais novidades a que ele se refere são o pagamento pelo espaço aéreo dos
contêineres empilhados e a compensação por impactos causados em vias públicas e
em imóveis dos moradores que vivem nas imediações desses pátios.
“Hoje,
cada um faz o que quer. Isso é péssimo, pois faz tempo que assistimos uma
invasão de caminhões em área urbana. Aos cofres públicos, isto não traz
vantagens. E, à população, gera uma série de transtornos”, justifica Hafiz.
Efeito
cascata
A medida,
se aprovada, pode gerar um importante efeito cascata na Cidade. Com a eventual
criação de espaços apropriados na Área Continental, a expectativa é que haja
uma redução de caminhões estacionados pelas ruas da ilha, motivo de várias
queixas da população nos últimos tempos.
“A
quantidade de caminhões nas vias de São Vicente está absurda. Eles destroem o
asfalta, as casas e tiram nossa segurança. Às vezes precisamos fazer uma baita
de uma manobra para conseguir entrar na nossa garagem”, comenta a dona de casa
Thaís de Oliveira, moradora da Vila Jóquei Clube.
O bairro
é um dos que mais sofrem com a situação, ao lado do Catiapoã, Esplanada dos
Barreiros, Parque São Vicente e Vila São Jorge. “Vejo placas de proibido
estacionar, mas eles param mesmo assim. Isso quando não arrancam a
sinalização”, completa a autônoma Esther Pereira Rodrigues.
O
problema acaba refletindo na Câmara. Somente no ano passado, o Legislativo
aprovou 50 projetos que proíbem o estacionamento de caminhões em vias do
Município.
Este ano,
o cenário é o mesmo. Existe a média de três projetos de lei tratando do assunto
por sessão. Até aqui, porém, mesmo com a força da caneta dos vereadores, os
caminhões ainda continuam ganhando esta batalha.
Fonte: A Tribuna