terça-feira, 13 de março de 2012

Transportadores temem caos na área portuária do Rio


Os jornais noticiam, com entusiasmo, o projeto Porto Maravilha, com museus, hotéis, parques, centros de convenção e, mais recentemente, conjuntos habitacionais com 2 mil imóveis. Mas quem opera cargas no Rio está mais preocupado com as atividades efetivamente portuárias e comerciais do centenário porto. Em palestra no Maritime Summit, realizado no Rio pelo grupo UBM, Silvio de Carvalho Junior, vice-presidente do Sindicato dos Transportadores de Cargas do Rio (Sindicarga), previu um caos, diante dos ousados projetos e da falta de estrutura, se não forem feitas obras urgentes no acesso ao porto.

Lembrou que a capacidade dos terminais de contêineres do porto do Rio está sendo praticamente duplicada, para poder atender a navios de 7 mil contêineres, o que demandará mais caminhões e carretas. Além disso, pouca gente sabe que, na área da Gamboa e São Cristóvão, a Petrobras está montando o maior centro nacional de operação com barcos de apoio a plataformas, ocupando faixa de 1,4km do porto, o que implicará não só movimentação no mar, como em terra, com carros, caminhões, empregados e prestadores de serviço.

Cita que, ao contrário de Santos (SP), o Rio não dispõe de pátios reguladores (truck centers) onde caminhões podem para até a hora certa para terem acesso regular ao porto. Informa que, em sua empresa transportadora, há algum tempo, um caminhão conseguia fazer cinco a seis viagens diárias ao porto do Rio e, hoje, a média é inferior a duas viagens diárias, em razão dos congestionamentos. E lembra que não apenas sua empresa se prejudica, mas os clientes e, em última instancia, o país, pois obviamente, com menos viagens, o transportador é obrigado a cobrar mais caro.

Acrescenta que a Federação das Indústrias (Firjan) apóia o Sindicarga e reiterou ao prefeito Eduardo Paes a necessidade de construção de vias para minimizar o conflito de tráfego de cargas com o movimento urbano. E não pára por aí. A Petrobras pretende reinaugurar, este ano, o antigo estaleiro Ishibrás, com o nome de Inhaúma, e há previsão de contar com 8 mil empregados. Imagine-se o movimento com terceirizados, fornecedores e prestadores de serviço no bairro do Caju, contíguo ao porto.

Nos últimos anos, foi construído um modesto novo acesso ao porto, mas a Avenida Rodrigues Alves não mais permite tráfego de caminhões, o que também deverá ocorrer com a Avenida Rio de Janeiro. Recorda Silvio de Carvalho Júnior que, nos velhos tempos, os caminhões tinham apenas dois eixos e hoje há carretas de nove eixos circulando pelas cercanias do porto. Ninguém está contra o turismo, a cultura, as olimpíadas e a beleza da cidade. Mas o porto – que está em expansão – precisa de seu espaço.

Fonte: Export News