Está valendo desde o dia 1º de janeiro: todos os postos de combustíveis deveriam vender o novo diesel, que é menos poluente. Nossa equipe fez um teste pelos postos de São Paulo.
O resultado: poucos vendem o novo combustível e, onde tem, a procura é pequena porque os motoristas acham caro. Além disso, faltam informações para caminhoneiros e frentistas, como mostra a repórter Ana Britto.
“Nunca ouvi falar”, disse um motorista. Outro motorista de um micro-ônibus também não. “Não conheço”, reconhece. Só de olhar, nenhuma diferença. O novo diesel, chamado S-50, tem dez vezes menos concentração de enxofre do que o diesel comum. No motor, a queima do enxofre produz ácido sulfúrico.
“Esse ácido corrói as partes metálicas do veículo e lançado na atmosfera em contato com a água da chuva provoca a chuva ácida”, explica o coordenador da Agência Nacional de Petróleo (ANP), Fernando Parenti.
Os caminhões e caminhonetes a diesel fabricados em 2012 só funcionam com o combustível menos poluente. Ainda é preciso usar outro produto que ajuda a diminuir o efeito estufa. O comerciante Nadir Lohan já conhece o novo diesel.
“Pela terceira vez que eu estou colocando, eu estou achando que a fumaça diminuiu um pouco, mas do consumo ainda não deu para fazer base. Todo mundo tem de fazer um pouco para melhorar a situação”, diz o comerciante.
Desde 1º de janeiro, os postos onde o principal combustível é o óleo diesel são obrigados a oferecer o S-50. São quase 4,2 mil em todo o país, dos quais 330 só no estado de São Paulo. Em um deles, a placa que anuncia o preço ainda é improvisada. O litro do S-50 custa R$ 2,09 – R$ 0,25 a mais do que o diesel comum, vendido a R$ 1,83.
Na mesma rodovia, em outro posto, a procura pelo S-50 é pequena por causa do preço. Cada litro custa R$ 0,15 a mais. O caminhoneiro Antonio Mendes está viajando com a família inteira e o dinheiro é contado. “Outro ainda está mais em conta, e o patrão quer que a gente bote sempre o mais barato, porque os fretes ainda não estão ajudando”, comenta.
O preço também foi fundamental para a escolha do caminhoneiro Jean Oliveira. “Em 100 litros dá quase um almoço para mim”, comenta.
Em outros postos, um problema é diferente: o combustível que deveria estar sendo vendido desde o dia 1º simplesmente não existe. No posto da Rodovia Anhanguera, o caminhoneiro não encontrou o novo combustível. “Eu abasteço toda semana aqui. Vou colocar o comum, não tem opção, não tem o outro aí”, comenta.
Em outro posto em Osasco, na Grande São Paulo, um frentista disse que não tinha. A bomba estava até desligada. Mas um funcionário que apareceu depois. Disse que tinha e colocou a bomba para funcionar.
O valor da multa para os donos de postos que não cumprirem a determinação varia de R$ 5 mil a R$ 2 milhões. E as bombas de diesel comum podem ser interditadas.
Fonte: Jornal Floripa