A cena de um caminhão descarregando mercadorias em áreas centrais de
municípios polos do Paraná pode se tornar cada vez mais rara em horários de
pico. Aos poucos, várias prefeituras têm adotado legislações que restringem o
tráfego de veículos pesados, com o objetivo de o tráfego fluir mais
facilmente.
Em Maringá (Noroeste), isso já é uma realidade. O tráfego de veículos
pesados só é permitido antes das 7 e depois das 19 horas. O município de 357
mil habitantes possui uma frota de 271 mil veículos, dos quais cerca de 30
mil são pesados.
De acordo com o secretário municipal de Transportes, Ademar Schiavone,
embora o município seja planejado e tenha ruas e avenidas largas, a restrição
foi necessária devido à grande frota que circula no município. “Essa é
somente uma das medidas adotadas para aliviar o trânsito na região central.
Maringá é uma cidade polo e em agosto inaugurará o Contorno Norte, que
desviará o tráfego de veículos pesados que hoje circulam pela Avenida Colombo
(trecho urbano da BR-376) e que precisam fazer o trajeto leste-oeste na
cidade”, destacou.
O secretário explicou também que há o planejamento para a construção
do Contorno Sul, que permitirá acessar o aeroporto e a nova cidade
industrial. Ele destacou que os estacionamentos transversais nos canteiros
centrais do município, conhecido pelos moradores como espinha de peixe,
também contribuem para o entrave do fluxo de veículos e que há um
planejamento para que essas áreas sejam utilizadas como corredor de algum
transporte coletivo de massa.
Intervenção do MP
Em Cascavel (Oeste) o problema do tráfego pesado incomodou tanto que o
Ministério Público solicitou que fosse criado um planejamento viário que
limitasse a circulação de veículos de carga em determinados horários. O
município de 286 mil habitantes possui uma frota de 184 mil veículos, dos
quais cerca de 18 mil são pesados.
Segundo o engenheiro de Trânsito da prefeitura, Maycon Moreto Marcos,
depois que o MP fez a recomendação administrativa, a Companhia de Engenharia
de Transporte e Trânsito (Cettrans) desenvolveu o planejamento viário com a
criação das zonas centrais de Tráfego (ZCT). Na ZCT-1, a limitação é para os
caminhões com mais de 7 metros de comprimento e acima de 7 toneladas; na
ZCT-2 fica proibida a circulação de caminhões com mais de 14 metros e acima
de 10 toneladas; e na ZCT-3 não poderão trafegar os veículos com mais de 14
metros e acima de 15 toneladas entre as 7 e 19 horas em dias úteis e das 7 às
13 horas aos sábados.
“A lei é de 2011, mas por enquanto nós só implantamos a restrição na
ZCT-1 porque priorizamos a instalação de semáforos “, destacou o engenheiro.
Ele acredita que até o final do segundo semestre ano as outras ZCTs sejam
implantadas. Caso haja a necessidade de um veículo circular na área restrita
durante o horário proibido, o motorista deve fazer um comunicado de
realização de evento na Cettrans com 72 horas de antecedência e pagar uma
taxa de R$ 5.
Custos
Umuarama (Noroeste) também registrou um aumento da frota e realizou em março
um estudo para implantar a restrição de veículos no centro. De acordo com
estatísticas do Departamento de Trânsito do Estado (Detran), em dezembro do
ano passado Umuarama tinha 105 mil habitantes e 64.605 veículos registrados,
sendo 33.141 automóveis de passeio, 5.120 caminhões, caminhão trator e
camionetas, 4.945 caminhonetes e cerca de 18 mil motos e motonetas, entre
outros veículos. Ônibus e micro-ônibus somavam 306, além de mais de 2,5 mil
reboques (carretas) e semirreboques.
Segundo o chefe da Diretoria de Trânsito (Umutrans), Elizeu Vital
Silva, o estudo definiu quais eram as vias coletoras e as arteriais e o
projeto de lei está quase pronto para ser enviado à Câmara de Vereadores. “O
objetivo é evitar problemas para o tráfego. O movimento é muito intenso e a
tendência é aumentar ainda mais, visto que a frota de veículos vem crescendo
em média 7% ao ano em todo o Estado.”
Segundo Silva, a Associação Comercial de Umuarama se posicionou
favorável ao projeto. “Sempre têm pessoas que reagem contra, mas pelas nossas
avaliações temos sentido que a população em geral tem apoiado o projeto”,
declarou. “Caso a proposta seja aprovada, acreditamos que até o final do
segundo semestre toda a sinalização esteja implantada”, destacou.
A área de restrição em Umuarama atingirá principalmente o eixo da
Avenida Paraná, Avenida Ministro Oliveira Salazar e Rua Doutor Camargo, no
trecho compreendido da Praça Miguel Rossafa até a Praça Raposo Tavares. No
outro eixo a restrição do fluxo de veículos de carga atingirá parte da
Avenida Rio Branco e ruas Desembargador Lauro Lopes, Desembargador Antonio da
Costa, Rua Desembargador Munhoz de Melo e Heimtal, entre outros. O horário de
restrição seria das 8 às 18 horas.
Em Londrina, desde o ano passado o Instituto de Pesquisa e
Planejamento Urbano de Londrina (Ippul) discute o assunto com a Companhia
Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU), já que a proibição é prevista no
Plano Diretor (10.637/2008). Após a discussão, um projeto de lei de autoria
do Executivo deve ser enviado à Câmara Municipal. Basicamente, a proposta é
proibir o tráfego de caminhões em horário comercial para melhorar a
circulação do transporte coletivo e de veículos de passeio.
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Fonte.: Folha de Londrina
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