O Brasil precisaria aumentar em três vezes os índices de desempenho da
infraestrutura de transportes nacional para chegar aos melhores níveis praticados
pelos competidores internacionais do país, conclui estudo da Federação das
Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), que será apresentado hoje.
"Os investimentos feitos nos últimos 12 anos na área de transporte estão
muito aquém das necessidades", comentou o presidente da Fiesp, Paulo
Skaf. "O que falta é uma gestão eficiente, muitos dos investimentos são
feitos e acabam custando muito mais do que deveriam", disse. "Falta
planejamento, estratégia, seriedade e coragem para tirar as coisas do papel e
fazer acontecer."
O estudo da Fiesp constatou que a maior malha viária no país, a de
rodovias, com uma média de 2,5 km por 10 mil habitantes, é, ainda, 43% menor
que o padrão de excelência internacional, de quase 4,8 km por 10 mil
habitantes.
Desde o ano 2000 o indicador brasileiro oscila em torno dos 50%. E
esse é o item onde o Brasil tem menor diferença em relação ao padrão
desejável, o chamado "benchmark", no jargão técnico. O frete
rodoviário, de US$ 51,75 para cada mil toneladas por km (em 2010, último ano
com dados internacionais para comparação, pelo estudo da Fiesp) é 270% maior
que a média de excelência mundial, de US$ 14.
"Temos rodovias, hidrovias, ferrovias, portos e aeroportos com
defasagem, custos altos, tudo isso atrapalha muito a competitividade e o
desenvolvimento do Brasil", reclama Skaf. Os dados sobre rodovias,
ferrovias, hidrovias, portos e aeroportos foram reunidos em um único
indicador, o Índice de desempenho Comparado da Infraestrutura de Transportes
(IDT), que, em 2010 (o último ano da serie calculada pela Fiesp), chegou a
33%. Esse índice indica uma infraestrutura com um terço do desempenho
existente nos países que mais competem com o Brasil no mercado internacional.
O IDT, calculado com base em dados das 50 principais regiões metropolitanas
brasileiras, e 18 indicadores diferentes, é a primeira tentativa de
quantificar a insuficiência e ineficiência da estrutura de transportes no
país. "Nossa intenção, com o IDT, é fazer uma radiografia, não estamos
apontando as politicas públicas a serem adotadas", diz o diretor do
departamento de infra-estrutura da Fiesp, Carlos Cavalcanti.
Ele comenta, porém, que, ao adotar marcos regulatórios que deixam ao
setor público o planejamento e controle e ao setor privado a execução e
gestão de obras e serviços, o governo caminha para enfrentar os problemas
apontados pelo indicador da Fiesp. "O Brasil adotou, nos últimos anos
políticas públicas muito consistentes, muito corretas no sentido defendido
pela Fiesp", disse Cavalcanti.
O caminho a percorrer é longo, no entanto, como apontam os indicadores
de oferta, intensidade de uso, qualidade e custo da infraestrutura de
transportes reunida pela Fiesp. O Brasil está bem servido de aeroportos, mas
com baixa capacidade: em 2010, enquanto os melhores aeroportos mundiais
abrigavam 88 pousos e decolagens por hora, os aeroportos da Infraero
registravam 38. Esse número representa 43% do benchmark internacional, uma
evolução dos 32% referentes ao IDT calculado para o ano 2000.
Os piores desempenhos do Brasil em relação ao padrão de excelência
mundial são os relativos a ferrovias (20%) e hidrovias (21%). No caso do
transporte ferroviário, embora a capacidade de transporte (tonelagem por
quilômetro de linha férrea) seja equivalente ao benchmark internacional, a
extensão da malha ferroviária está 93% abaixo do ideal, e o frete por
ferrovia é quase 16 vezes maior que o melhor padrão praticado no mundo - no
quesito frete ferroviário o benchmark internacional é de apenas 6% do custo
brasileiro.
Cavalcanti comenta os altos custos de logística, que fazem, por
exemplo, com que as mercadorias que levam 324 minutos para ser liberadas nos
aeroportos de padrão mundial levassem quase 3,2 mil minutos nos aeroportos da
Infraero, em 2010. O custo de se levar um contêiner de 20 pés da região
metropolitana ao local da exportação era de, em média, US$ 621 mil no
exterior e de quase US$ 1,8 mil no Brasil - indicador que, no começo de 2012,
deve ter sofrido deterioração, com os engarrafamentos da safra nos gargalos
logísticos do país. "Uma das medidas urgentes é fazer o desembaraço de
carga 24 horas por dia, cargas de bilhões esperam nos portos e os
funcionários públicos param de trabalhar às 17 horas", critica o diretor
da Fiesp.
|
|
Fonte.: Valor
|
Criada em 1989 a RDC dedica-se ao desenvolvimento de soluções integradas de softwares de gestão corporativa e logística para o mercado latino americano. Empresa genuinamente brasileira, a RDC busca atender às necessidades específicas de seus clientes. Como consequência conquistou a liderança nacional em soluções para o setor de armazenamento, movimentação e distribuição de veículos zero km.