O número de motoristas submetidos a testes de bafômetro na região
triplicou nos quatro primeiros meses do ano, em comparação ao mesmo período
de 2012. Apesar do aumento da fiscalização, só 5% das medições resultaram em
prisão por excesso de álcool no sangue.
Os dados são da Polícia Militar. De janeiro a abril, 432 condutores
sopraram o etilômetro - contra 140 no mesmo período do ano passado - e 22
deles foram detidos em flagrante por apresentaram seis ou mais decigramas de
álcool por litro de sangue.
Nos quatro primeiros meses de 2012, 15 pessoas haviam sido enquadradas
no artigo 306 do CBT (Código Brasileiro de Trânsito, o que representa 10% do
total de submetidos ao etilômetro.
De acordo com o coronel Mauro Cezar dos Santos Ricciarelli,
responsável pela Polícia Militar nas sete cidades da região, a proporção caiu
pela metade porque a Lei Seca tornou-se mais rígida e fiscalização aumentou,
inibindo parte dos condutores. "De janeiro a abril realizamos 384
bloqueios policiais exclusivos para essa finalidade, e em pontos alternados.
O objetivo não é apenas punir, mas também a educação no trânsito. Os
motoristas estão mais atentos a isso", afirmou.
Em dezembro, a presidente Dilma Rousseff (PT) sancionou a proposta que
tornou a Lei Seca mais rígida.
Após a modificação, além do bafômetro, passam
a ser considerados vídeos, depoimento policial, testes clínicos e outros
testemunhos para atestar que o motorista não tem condições de conduzir o
veículo por conta do uso de bebida alcoólica ou substâncias psicoativas.
A multa aplicada ao motorista flagrado sob efeito de qualquer
quantidade de álcool passou de R$ 957,65, para R$ 1.915,30. Para o médico Dirceu
Rodrigues Alves, diretor da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego, o
número de condutores detidos em flagrante é baixo em comparação ao total de
testes realizados. "Cinco por cento são muito pouco. Estatísticas
apontam que 52% dos motoristas profissionais fazem uso de álcool de forma
crônica ou social."
Entre os condutores que dirigem apenas para o deslocamento pessoal, o
número de pessoas que possuem algum grau de dependência alcoólica varia entre
12% e 17%, informa Rodrigues Alves. "Outro erro é o fato de que as
blitze são feitas somente à noite. O alcoólatra bebe de dia também, mas acaba
não sendo fiscalizado", critica.
Internautas se unem para fugir de blitze
A tecnologia está servindo como meio para burlar a lei no Grande ABC.
Internautas da região criaram grupo no Facebook para trocar informações sobre
a localização de blitze da Lei Seca nas sete cidades. Com isso, as pessoas
que bebem e dirigem conseguem fugir da fiscalização da Polícia Militar.
Atualmente, o aplicativo eletrônico já conta com 2.028 integrantes e
só eles conseguem visualizar as postagens do grupo. "Galera, sem
pensamentos politicamente corretos. Se não concorda com o grupo, saia. Aqui
não é lugar para debate sobre leis. Postem onde está rolando comando e ajudem
seu amigo a não tomar uma multa de R$ 2.000", diz a mensagem de abertura
da página.
"Infelizmente, é uma forma de burlar a lei. A maioria das blitze
é em pontos fixos e distantes, o que facilita para que a pessoa alcoolizada
não passe pela fiscalização. É uma forma imoral de fazer a prevenção do
crime", criticou o presidente da comissão de trânsito da OAB-SP,
Maurício Januzzi.
De acordo com o especialista, a prática não é crime.
"Infelizmente, é legal. Para ser apologia ao crime é necessário
incentivar a prática criminosa."
O especialista aponta possível medida para evitar que a ação
prejudique a eficiência da lei. "O que pode ser feito é a Polícia
Militar andar com etilômetro na viatura e realizar o teste quando faz
abordagens fora de blitz". Segundo a polícia, a região conta com 20
aparelhos.
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Fonte.: Diário do Grande ABC
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