Há cerca de um ano, os motoristas paulistanos que transitam por
determinados trechos de rodovias do estado podem fazer parte de um
experimento inédito no país que busca democratizar o pagamento de pedágio.
Batizado de Sistema Ponto a Ponto, o projeto prevê a instalação de sensores
ao longo das vias e em carros (nesse caso, chamados de tags) que se comunicam
ao longo da viagem.
O objetivo da Agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp) é
se diferenciar da cobrança tradicional em cabines de pedágio para que os
motoristas desembolsem apenas o valor referente ao percurso que utilizaram.
“Esse foi um projeto muito pioneiro e evoluímos em tecnologia e funcionamento
para oferecer novos serviços ao usuário”, afirma Giovanni Pengue, coordenador
do Sistema Ponto a Ponto. Apesar de utilizar a mesma tecnologia de serviços
como Sem Parar, Auto Expresso e Conect Car, o projeto se diferencia por ser
pré-pago. “Naquela época não havia concorrência para o sistema e propusemos
um novo tipo de cobrança. Apesar de o Brasil ser muito acostumado com o
formato pré-pago, nas rodovias isso ainda não existia”, completa.
Inicialmente, o sistema foi instalado em um trecho da rodovia SP-075,
que liga Campinas a Sorocaba. O percurso possui sete pontos de cobrança que
totalizam R$ 12,40. O objetivo é testar o modelo atendendo a reivindicações
de moradores de nove bairros que eram isolados das regiões centrais das
cidades pela rodovia. Mesmo quando esses moradores precisavam percorrer
trechos de pouco mais de 5 km, eram obrigados a pagar a mesma quantia cobrada
por quem viaja dezenas de quilômetros. “A gente teve adesão superior ao
esperado, o que é muito bom por se tratar de um projeto totalmente
voluntário”, explica Pengue.
Produzido para o Brasil
O sistema foi baseado em uma iniciativa que já está implantada em
rodovias italianas, canadenses e australianas, porém passou por modificações
para que atendesse melhor às características das vias brasileiras. “Na
Itália, todos os acessos às rodovias são controlados e nesses casos é muito
mais fácil implantar o projeto.”, conta Pengue. Como as rodovias brasileiras
possuem muitas entradas, os sensores tiveram que ser estrategicamente
posicionados ao longo do trecho.
Atualmente, o Sistema Ponto a Ponto foi ampliado para as rodovias
SP-360 (entre Itatiba e Jundiaí) e SP-340 (entre Campinas e Mococa, município
que faz divisa com Minas Gerais). O projeto adaptou as atuais cabines de
pedágio para que elas possam atender tanto aos motoristas que aderiram ao
sistema quanto aos que pagam da maneira tradicional.
O que é o SINIAV?
É um sistema de identificação automática de veículos que está em fase
de implantação. Até 2014, todos os veículos da frota nacional serão obrigados
a portar uma tag que contém informações necessárias para que o Governo
Federal possa fiscalizar pagamentos de tributos, inspeções ambientais e
evitar roubos e furtos de veículos e cargas.
A tecnologia escolhida para equipar os sensores é baseada em padrões
norte-americanos, mas desenvolvida completamente no Brasil e com baixos
custos. As tags instaladas nos veículos são as mesmas que serão utilizadas
pelo sistema SINIAV, que está sendo implantado pelo Governo Federal e servirá
para monitorar informações como licenciamento, inspeção veicular e IPVA.
Assim, os motoristas que possuírem a tag do SINIAV poderão utilizar o Sistema
Ponto a Ponto com a mesma tecnologia, caso desejarem.
O Sistema Ponto a Ponto ainda pode resultar em benefícios ambientais,
de segurança e conforto para os passageiros. Os motoristas que aderiram ao
sistema podem passar pelos pontos de cobrança sem reduzir a velocidade para
pagar. Como a retomada de giro do motor é menor, há também redução na emissão
de gases. Além disso, a adesão tende a diminuir as significativas filas que
se formam em dias de grande movimento nas cabines de pedágio. Por
consequência, as chances de ser assaltado durante um engarrafamento na rodovia
também diminuem.
O técnico da Artesp afirma que o sistema é seguro, mas deve passar por
“evoluções gradativas” para evitar violações. Apesar de o projeto ainda estar
em estudo e só estar disponível para quem mora próximo aos trechos com
sensores, é possível que seja expandido para outros Estados por utilizar uma
tecnologia que será padrão em todo o país. Para isso, no entanto, algumas
atualizações precisam acontecer. “O sistema necessita de uma redução de custo
e as operadoras devem incentivar os usuários a aderirem à arrecadação
eletrônica”, afirma Pengue.
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Fonte.: Auto Esporte
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