Sem o apoio da maioria do PSD do aliado Gilberto Kassab, o prefeito
Fernando Haddad (PT) conseguiu aprovar ontem, em primeira votação, o seu
projeto que muda as regras da inspeção veicular.
Entre outros pontos, a proposta permite o reembolso da taxa de R$
47,44 a quem tiver veículo aprovado na vistoria.
Também autoriza Haddad a cobrar a taxa de veículos com placas de
outras cidades que circulem ao menos 120 dias por ano na cidade.
Em seu primeiro teste na Câmara, o prefeito contou com 33 votos a
favor e 13 contra -todos de oposicionistas declarados (PSDB, PPS, PSOL e
Gilberto Natalini, do PV).
A surpresa foi o comportamento da bancada kassabista. Dos oito
vereadores do PSD, só Souza Santos votou a favor. Quatro se abstiveram (Marco
Aurélio Cunha, José Police Neto, Coronel Camilo e Marta Costa) e três não
estavam na votação: Antonio Goulart, David Soares e a líder da legenda, Edir
Sales.
Kassab e Haddad mantêm o bom relacionamento iniciado na transição,
mesmo após o petista atacar a gestão anterior várias vezes no início do seu
mandato. O PSD negocia cargo no governo Dilma.
A oposição, que tentou adiar a votação, disse considerar o projeto um
"cheque em branco" a Haddad, pois não especifica a periodicidade da
inspeção (hoje é anual) nem quais empresas serão contratadas para fazer a
análise de emissão de poluentes.
O que é quase certo é que a Controlar, que faz a vistoria hoje,
perderá o contrato.
Para emperrar a votação, a oposição apresentou substitutivo -que
mantinha a taxa sem reembolso e a concessão do serviço como é hoje-,
rejeitado pelo chamado "rolo compressor" governista.
Sem pé nem cabeça - "Vamos nos abster para ver se o projeto
melhora para a segunda votação. O projeto está sem pé nem cabeça, precisa
aprimorar", disse Marco Aurélio Cunha (PSD). Ele disse que Kassab deixou
o partido livre para votar.
Além da possibilidade de descentralização do serviço, hoje nas mãos da
Controlar. o que dificultaria a fiscalização, e da possibilidade de a
vistoria ocorrer a cada dois anos, a oposição questionou os custos bancários
para fazer a devolução.
"O prefeito tinha que cumprir a promessa de campanha, mas não
adianta tergiversar sobre o tema, se vai ou não tirar a empresa, se vai ser a
cada dois anos. Queremos saber como ele vai fazer para não onerar os cofres
públicos com a devolução", disse Andrea Matarazzo (PSDB).
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Fonte.: Folha de S. Paulo
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