O volume de cargas transportado por rios nas seis maiores bacias
hidrográficas do país poderá subir dos atuais 82 milhões de toneladas ano
para 463 milhões até 2030, um crescimento de 460%.
Na bacia do Paraná-Tietê, que cruza São Paulo, o volume atual de cerca
de 5,7 milhões de toneladas poderia crescer quase oito vezes, passando para
50,6 milhões. Isso equivaleria a 3,3% de toda a carga a ser transportada
projetada para a região.
Esta são algumas projeções a que chegou o PNHI (Plano Nacional de
Integração Hidroviária), estudo encomendado pela Antaq (Agência Nacional de
Transporte Aquaviário) e realizado pelo Labtrans da Universidade Federal de
Santa Catarina, que foi apresentado hoje em Brasília.
Mas, para chegar a esse volume, seria necessária uma série de intervenções
do governo que elevariam de cerca de 14 mil para 23 mil a extensão das
principais hidrovias nessas bacias, além da criação de 65 terminais
logísticos para a distribuição das cargas.
Segundo o superintendente de Navegação Interior da Antaq, Adalberto
Tokarski, as obras foram relacionadas no PNHI mas não foram levantados seus
custos porque, segundo ele, esta será uma tarefa dos governos federal e
estaduais.
Tokarski afirmou que o estudo levantou todas as possibilidades de
transporte por todos os meios, inclusive rodoviário e ferroviário, em cada
região do país para chegar a um banco de dados. A partir desse banco, será
possível pesquisar os menores custos de transporte em cada ponto do país.
Segundo ele, a ideia é deixar esse banco de dados público para permitir que
empresários possam tomar decisões de onde instalar suas empresas ou terminais
de distribuição de carga.
"Esse estudo vai proporcionar que possamos comparar as rotas para
escolher as de menor custo e menor emissão", disse Tokarski.
André Ricarco Hadlich, que coordenou o estudo pelo Labtrans, afirmou
que foram realizadas pesquisas de campo para estimar a atual demanda de carga
de cada região e quanto poderia ser transportada pelos rios. Segundo ele, o
potencial de transporte hidroviário do país mostrou-se grande porque há muita
produção, principalmente mineral e de grãos, próxima aos rios que não pode
ser escoada por eles.
"Identificamos uma demanda projetada grande de transporte nessas
regiões e vamos precisar de investimentos em hidrovias", afirmou
Hadlich.
O Secretário Nacional de Política de Transportes do Ministério dos
Transportes, Marcelo Perrupato, disse no evento que esse estudo poderá dar
condições para que se crie um programa de investimentos em hidrovias nos
moldes do que o governo já apresentou para rodovias, ferrovias, portos e
aeroportos.
Segundo ele, os investimentos em hidrovias no PAC 2 foram
pequenos até agora porque não havia estudos que apontassem os reais
benefícios que as obras trariam o que, para ele, foi sanado com o PNHI.
"Nos pedimos ao governo R$ 7,2 bilhões em obras hidroviárias mas
só recebemos autorização para R$ 2,7 bilhões. Mesmo assim, não conseguimos
gastar isso", afirmou Perrupato afirmando que os projetos hidroviários
não estavam bem estudados.
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Fonte.: Folha.com
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