Apesar das pressões de trabalhadores contra a medida provisória que
cria um novo marco regulatório no setor de portos, o governo não vai recuar
na decisão de autorizar terminais privados a operar com cargas de terceiros
nem vai obrigá-los a seguir o modelo de contratação de pessoal dos portos
públicos.
Na quinta-feira (15), durante reunião na Casa Civil, representantes de trabalhadores
do setor pressionaram o governo dizendo que a MP pode gerar uma
"quebradeira" dos portos públicos, mas ouviram apenas a promessa de
manutenção de um diálogo direto e de que os direitos trabalhistas serão
preservados.
A ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, que recebeu quatro
representantes dos trabalhadores, disse que o governo pode fazer
"adequações" na proposta, mas "não vai abrir mão" de
modernizar e tornar mais competitivo o setor portuário no país.
O PONTO CRÍTICO
A principal queixa dos sindicalistas, repetida ontem ao governo, é
contra o tópico que desobriga os portos privados a se submeterem ao mesmo
modelo de gestão e contratação de mão de obra usado nos portos público.
Isso porque no Ogmo (Órgão Gestor de Mão de Obra) os trabalhadores têm
poder de interferência -o que, para analistas, aumenta custos.
O receio dos trabalhadores é que, como terminais privados serão
liberados para operarem cargas que não sejam próprias, eles atraiam mais
contratos -uma vez que seu custo poderá ser menor-, deixando os portos
públicos sem serviço.
"Vocês vão quebrar o porto público", afirmou o deputado
federal Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força Sindical, que
chegou a sugerir a retirada da MP do Congresso e a apresentação de um projeto
de lei, que tramita de forma mais lenta.
A sugestão de retirar a MP é refutada pelo governo. "O Executivo
fez sua proposta e o Congresso tem legitimidade de fazer a discussão",
afirmou a ministra Gleisi Hoffmann, que prometeu ouvir novamente os
trabalhadores.
"Do jeito que vocês falam parece que nosso porto é ineficaz, caro
e que não aguenta competição. Não acredito nisso e o direito dos
trabalhadores será resguardado", disse a ministra na reunião.
"Terminais públicos e privados têm que respeitar a legislação
trabalhista. Isso é básico", disse a ministra. Ela respondeu ainda às críticas
de que que se encontrou apenas uma vez com os trabalhadores enquanto passou
"manhã, tarde e noite" com empresários para tratar das mudanças nos
portos -a MP recebeu críticas de vários envolvidos no setor portuário.
A reunião foi aberta à imprensa, algo pouco usual no Palácio do
Planalto. Os trabalhadores saíram do encontro com a promessa de ser ouvidos
novamente pelo governo.
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Fonte.: Folha de S. Paulo
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