Restrita ao Estado de São Paulo, a nova lei da entrega, que proíbe a
cobrança adicional para recebimento agendado, vai encarecer o preço de
produtos comercializados indistintamente em todo o país, segundo os
varejistas.
A lógica é que o varejo, especialmente o on-line, vai repassar esse
custo aos preços das mercadorias, independentemente do Estado.
Um consumidor que não tenha urgência de entrega ou que more em local
de fácil acesso pagará pela dificuldade em levar a mercadoria a áreas com
trânsito carregado ou em que não podem circular caminhões, como o centro
expandido de São Paulo.
"Vai acontecer na entrega o mesmo que ocorre com o pagamento
parcelado no cartão de crédito. O consumidor que paga à vista sem desconto
financia os juros daquele que compra parcelado", afirmou Pedro Guasti,
presidente do conselho de comércio eletrônico da Fecomercio (federação do
Comércio do Estado de São Paulo).
"Quem disse que não vão cobrar? Esse custo será embutido no
produto. É uma ideia boa, mas que tem implicações que não são nada
desprezíveis nem triviais. Tanto que a entrega agendada é cobrada",
disse Claudio Felisoni, presidente do conselho do Provar (Programa de
Administração do Varejo) da USP.
A Fecomercio diz que os consumidores que optam pela compra agendada
variam de 1% a 30%, dependendo do produto.
Além das limitações logísticas e técnicas da aplicação da lei, a
Fecomercio vê dificuldades em relação à segurança das entregas no período
noturno, que facilitam a ação de quadrilhas especializadas em furto de
cargas.
"Parece uma afronta, uma provocação, que inviabiliza o trabalho
de muitas empresas, especialmente as pequenas, que dependem dos
Correios."
Para o especialista, a lei paulista tem tudo para pegar em outros
Estados do país, que devem seguir São Paulo para não ficar atrás em matéria
de respeito ao direito do consumidor.
CORREIOS
Outro problema é que os Correios, que entregam de 40% a 50% dos 60
milhões de compras anuais pela web, não têm como garantir entrega agendada,
diz Guasti.
O pequeno varejo é o que mais utiliza os Correios porque não tem
volume para contratar um serviço terceirizado para as entregas.
Procurados, os Correios não comentaram o assunto, sob o argumento de
que não estão sujeitos à lei paulista e que compete à União legislar sobre
serviço postais.
"No varejo, mercadoria todo mundo vende e o preço é bastante
parecido. O diferencial são a conveniência, a comodidade e o serviço
prestado. Quem oferece o melhor serviço pelo menor preço se diferencia. O
Estado deveria deixar que o mercado se regulasse", disse Felisoni.
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Fonte.: Folha de S. Paulo
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