A colheita da soja ainda está na fase inicial na região Centro-Oeste,
onde os trabalhos começam mais cedo, mas os valores dos fretes já subiram
21%. O aumento foi provocado pela maior demanda para transporte da safra
recorde de grãos e também pela alta nos custos, em função da nova Lei dos
Caminhoneiros, que obriga as empresas a conceder aos motoristas um período de
descanso de 30 minutos a cada quatro horas de viagem e repouso de 11 horas ao
fim da jornada diária.
Um levantamento feito pela Associação Nacional dos Exportadores de
Cereais e Algodão (Anec) junto às tradings e cerealistas mostrou que o valor
do frete para transporte de grãos até os portos passou de US$ 81/tonelada na
safra passada para US$ 98/tonelada nesta safra. Segundo o diretor executivo
da Anec, Sérgio Mendes, em função das deficiências logísticas o frete pago
para transporte de grãos no Brasil é 6,5 vezes superior aos valores
praticados nos Estados Unidos e na Argentina.
O aumento de 5,4% no preço do diesel nas refinarias, anunciado
recentemente pelo governo federal, deve ter impacto relativo no valor de
frete, segundo Sérgio Mendes. Ele lembra que muitos contratos foram fechados
no início do segundo semestre do ano passado e que o diesel faz parte dos
custos variáveis do frete, que correspondem a 39% do total. "Para quem
não fechou contrato, a alta do diesel será uma injeção na veia, vai direto
para o custo final", diz ele.
Mendes diz que o setor torce para que tudo corra dentro da
normalidade, sem greves ou problemas climáticos que possam prejudicar o fluxo
dos caminhões, para que o Brasil consiga exportar o volume recorde previsto
de 39 milhões a 40 milhões de toneladas de soja em grão, além de outras 18
milhões de toneladas de milho. Ele observa que o volume de milho será
inferior ao da safra passada, que atingiu 22 milhões de toneladas, mas será
bem superior ao recorde anterior de 11 milhões de toneladas registrado na safra
2009/10.
O problema no Brasil, diz ele, é a dependência do transporte
rodoviário, que não é o mais indicado para grandes distâncias. Nesses casos,
as cargas deveriam ser transportadas por hidrovias ou ferrovias. Segundo a
Anec, cerca de 53% da safra brasileira é transportada por rodovia, 36% por
ferrovia e apenas 11% hidrovia. Nos Estados Unidos a hidrovia é responsável
por 60% do escoamento e as ferrovias, por 35%, restando apenas 5% para o meio
rodoviário.
O dirigente comentou que o setor privado está conversando com a Casa
Civil para tentar amenizar o impacto da nova Lei dos Caminhoneiros no custo
de transporte da safra. Existe movimentação de parlamentares no Congresso
Nacional para que o governo edite uma nova Medida Provisória que daria prazo
de até cinco anos para que o setor privado possa se adaptar às exigências da
nova legislação, como a construção das áreas de descanso ao longo das
rodovias federais.
Sérgio Mendes elogiou a medida adotada pelo porto de Paranaguá de
disciplinar o fluxo de caminhões, liberando apenas aqueles cuja carga já tem
navio programado para embarque. Ele diz que medida reduzirá a pressão sobre o
porto, mas observa que, devido ao fato de cada navio representar o
descarregamento de duas mil carretas, caso chova por dois dias seguidos,
interrompendo os trabalhos, podem se formar filas de 60 quilômetros ao longo
da estrada. "Se chover seis dias as filas chegam a Curitiba", diz
ele.
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Fonte.: Cruzeiro do Sul
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