Com
enormes engarrafamentos, vias cheias de buracos à beira do colapso e uma
infraestrutura deficiente, São Paulo enfrenta um enorme desafio enquanto corre
contra o tempo para melhorar seu saturado sistema de transporte antes de ser o
palco do pontapé inicial da Copa do Mundo de 2014.
A capital
econômica do Brasil tem a sétima área metropolitana mais populosa do mundo, com
20 milhões de habitantes, que incluem os 11 milhões que vivem dentro dos
limites da cidade.
A cada
dia, os ônibus transportam cinco milhões de pessoas; o metrô, quatro milhões, e
outros dois milhões de paulistanos viajam em trens, segundo as autoridades.
O
pesadelo do transporte público em São Paulo ficou evidente em 23 de maio,
quando uma greve no metrô paralisou a cidade, obrigando milhões a usarem seus
carros ou tentar pegar algum dos ônibus lotados para chegar ao trabalho.
"Como
resultado disso, tivemos 249 km de ruas e estradas congestionadas, um recorde
para o horário da manhã", disse Katia de Cassia Jouanini, agente da CET.
O recorde
histórico foi alcançado em 1º de junho, com um engarrafamento de 295 km à
tarde.
CET
O CET
parece uma colmeia que funciona 24 horas por dia, com 374 pessoas monitorando o
trânsito em tempo real, analisando informações de 140 das 370 câmeras
instaladas em toda a cidade.
Uma
central de atendimento recebe informações do público e agentes posicionados em
pontos estratégicos informam bombeiros e serviços de emergência em caso de
acidentes.
Outros
monitoram 868 km de vias em 25 telas que transmitem imagens ao vivo do
trânsito, enquanto um amplo mapa destaca os maiores engarrafamentos.
Quatro
milhões de veículos - carros, ônibus e motos - saturam os 17.000 km de vias e
autopistas nos dias de semana, acrescentaram as autoridades.
Para
piorar as coisas, centenas de carros novos saem às ruas diariamente como
resultado da crescente prosperidade econômica e do crédito mais barato,
comentou Jouanini.
"Todos
os dias temos mais carros. É um desafio manter a qualidade do serviço com os
recursos de que dispomos", declarou à AFP Hercules Justino, encarregado de
trânsito no CET. "Precisamos de mais investimento", acrescentou.
Rio+20
Às
vésperas da Rio+20, a palavra sustentabilidade ressoa nas ruas de São Paulo. Em
seminário recente sobre logística no Brasil, diretores empresariais pediram um
investimento adequado em projetos de infraestrutura, inclusive um transporte
mais eficiente.
"Os
investimentos em infraestrutura no Brasil não acompanham a demanda porque não
há planejamento", afirmou Carlos Cavalcanti, diretor do departamento de
Infraestrutura da Fiesp (Federação de Indústrias do Estado de São Paulo).
O
secretário municipal de Meio Ambiente, Eduardo Jorge, é um dos que mais
incentiva os esforços para dar a São Paulo um futuro sustentável.
Infelizmente,
o sistema de transportes tem que competir por recursos com outros serviços
chave como saúde e educação, que juntos consomem até 50% do orçamento da
cidade, disse Jorge.
De
qualquer forma, o secretário enfatizou que o sistema do metrô está em
ampliação, com quatro linhas adicionais, e que a frota de ônibus está sendo
renovada, com 80% de seus 15.000 veículos novos e eficientes do ponto de vista
energético.
O
primeiro VLT (veículo leve sobre trilhos) da cidade está em construção para
ligar o aeroporto de Guarulhos ao sistema de metrô. O projeto, de US$ 862
milhões, deve ser concluído ao final de 2014.
Alguns
dos 2.000 novos ônibus são movidos a etanol, eletricidade, biomassa ou outro
combustível alternativo à gasolina.
Medidas
O
secretário municipal de Meio Ambiente destaca que São Paulo foi a primeira
cidade brasileira a instaurar uma inspeção anual para assegurar que os veículos
estejam em boas condições e cumpram os padrões para o controle da contaminação.
A cidade
também promove o uso da bicicleta, estendendo seus 55 km de ciclovias e
ensinando regras de trânsito e segurança. A cada domingo, outros 67 km de vias
são liberadas exclusivamente para os ciclistas.
Mas Jorge
admitiu que "a solução para o desafio do transporte é impor severas
restrições ao uso de automóveis e motos".
"Temos
que multar os contaminadores para desestimular o uso supérfluo de carros e
garantir recursos adicionais para financiar o transporte público",
acrescentou.
Fonte: Band