O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit),
responsável pela execução de obras rodoviárias, ferroviárias e hidroviárias,
principal unidade gestora do Ministério dos Transportes, ainda não conseguiu
dar bom ritmo de execução aos seus investimentos.
Dos R$ 13,5 bilhões autorizados em orçamento para este ano, até junho
o Dnit utilizou apenas R$ 3,2 bilhões, o equivalente a 23,6%. Se a execução
fosse linear, pelo menos 50% dos recursos já deveriam ter sido desembolsados.
A informação é do site Contas Abertas.
Na principal ação para este ano, por exemplo, a de “manutenção de
trechos rodoviários na Região Nordeste”, que possui R$ 1,5 bilhão previsto em
investimentos, apenas 1% do valor foi utilizado. O porcentual equivale a R$
12,9 milhões aplicados. Apesar disso, R$ 910,1 milhões já foram empenhados,
ou seja, reservado em orçamento para gasto posterior.
Norte aguarda
Outra ação de grande vulto para a qual foi desembolsado apenas 1% dos
recursos disponíveis para investimentos em 2013 é a de manutenção em trechos
rodoviários na Região Norte. Do total de R$ 1,2 bilhão previsto para este
ano, somente R$ 12,7 milhões foram pagos. O montante empenhado chegou a R$
517,3 milhões, o que corresponde a 41,6% do autorizado.
Para a manutenção de trechos rodoviários na Região Sudeste foram
disponibilizados R$ 821,3 milhões em 2013. Entretanto, até o final de junho
apenas R$ 17 milhões foram pagos, o equivalente a 2,1% do total. Na ação para
manutenção de trechos rodoviários na região Centro-Oeste também foram
desembolsados apenas 2,1% do valor de R$ 726 milhões autorizados. As duas
iniciativas, no entanto, já empenharam mais de 80% do montante
disponibilizado.
Além do baixo porcentual já investido em relação ao orçado para o ano,
em valores constantes (atualizados pelo IGP-DI, da FGV), o montante é R$ 62,3
milhões menor do que o aplicado no mesmo período do ano passado, quando R$
3,2 bilhões foram desembolsados. Em 2012, o DNIT sofreu os efeitos da “faxina
ética” que aconteceu um ano antes, quando o Ministério dos Transportes foi
alvo de diversas denúncias de corrupção, que resultaram na troca do então
ministro, Alfredo Nascimento, e na saída de 27 funcionários, entre os quais
estava o então diretor do departamento Luiz Antônio Pagot, suspeito de
participar de um esquema de pagamento de propinas em contratos da área de
transportes e beneficiar o partido dele, o PR.
Consultor faz advertência
Para o consultor econômico Raul Velloso, ex-secretário de Assuntos
Econômicos do Ministério do Planejamento, é preocupante a situação dos
investimentos do Ministério dos Transportes, uma das áreas mais carentes de
aplicações e necessária para o desenvolvimento do País.
Já o economista do Conselho Federal de Economia Newton Marques, os
investimentos do ministério ainda estão travados em razão das denúncias de
corrupção em 2011. “As denúncias provocaram reações do governo, dos órgãos de
controle (TCU, CGU e Ministério Público). O governo deve estar atento para esses
problemas”, explica.
A estagnação nos valores investidos pelo Dnit influi diretamente nas
aplicações do Ministério dos Transportes (MT) e nos investimentos globais da
União (Executivo, Legislativo e Judiciário).
Greve ajuda a retrair pagamentos
Paralelamente, a greve dos funcionários do Dnit também tem contribuído
para a retração dos pagamentos, conforme atesta nota da Associação Nacional
das Empresas de Obras Rodoviárias (Aneor). Segundo a entidade, as empresas de
obras rodoviárias já deixaram de receber R$ 1 bilhão devido à greve dos
servidores.
A associação alertou que, além de ameaçar o cronograma de execução dos
investimentos, as paralisações podem colocar em risco o emprego de cerca de
40 mil pessoas e a segurança dos cidadãos que trafegam pelas estradas, devido
à sinalização provisória nas rodovias. A greve dos servidores do Dnit começou
há um mês. Como o órgão só libera recursos para as obras após avaliações que
confirmem seu avanço, com os servidores parados, esse procedimento demora
mais, o que atrasa os pagamentos.
O Contas Abertas questionou o Dnit sobre a redução das aplicações,
porém, até o fechamento da matéria, não obteve resposta.
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Fonte.: Jornal A Crítica
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