Relator da comissão especial da Câmara criada para analisar mudanças
na Lei do Caminhoneiro, o deputado Valdir Colatto (PMDB-SC) vai propor na
próxima hoje (4) a transformação das multas aplicadas a esses
profissionais em simples advertências. Para ele, há uma grande “interrogação”
por causa da suspensão dos efeitos da lei, sancionada no fim de abril do ano
passado. A norma estabelece a obrigação do descanso a cada quatro horas
trabalhadas e multas para quem não cumprir a jornada.
Em setembro de 2012, o Conselho Nacional de Trânsito editou resolução
suspendendo o cumprimento da Lei 12.619/12 por 180 dias. A recomendação era a
de que a fiscalização só ocorresse em estradas “que tenham possibilidade do
cumprimento do tempo de direção e descanso, no que se refere à existência de
pontos de parada que preencham os requisitos definidos”, como condições
sanitárias e de conforto, alojamentos e refeitórios. As multas são de R$ 127
e cinco pontos na carteira de habilitação. “É preciso saber: valeu ou não
valeu?”, questiona o catarinense.
Apesar de não ter um valor estimado da renúncia que representaria o
perdão das multas, o peemedebista avalia que as penalidades aplicadas após a
edição da lei são exorbitantes, ferindo princípios constitucionais como
razoabilidade e proporcionalidade.
Atualmente, além da existência de pontos de parada com condições
mínimas, a lei também obriga um intervalo mínimo de meia hora após quatro
horas de direção contínua. O relatório de Colatto também pretende modificar
essa exigência, aumentando para até seis horas do tempo em que o condutor
pode permanecer sem descanso. A possibilidade de modificar o tempo de direção
causou um racha na comissão.
Para motoristas contratados, ele propõe que sejam aplicadas as seis
horas. Para os autônomos, uma “flexibilização maior, desde que não comprometa
a segurança”. Além de obrigados a realizar exames toxicológicos, os
caminhoneiros donos do próprio negócio teriam de ter um descanso contínuo
mínimo de oito horas. “A lei precisa respeitar a realidade do Brasil e ser
factível”, avalia.
O país conta atualmente com cerca de 5 milhões de motoristas, sendo
quase 2 milhões de caminhoneiros. Destes, 835 mil são autônomos.
Consenso
Apesar da divergência a respeito do tempo de direção, também há espaço
para o consenso no colegiado.
O presidente Nelson Marquezelli (PTB-SP) e o
deputado Hugo Leal (PSC-RJ), ex-diretor do Departamento de Trânsito do Rio de
Janeiro (Detran-RJ), afinam o discurso quando o assunto é a obrigatoriedade
de exame toxicológico para os caminhoneiros. “Quem é viciado em drogas não
vai poder mais dirigir”, resumiu Marquezelli num dos encontros da comissão.
“A droga é o grande problema, e exige planos específicos. Não vai ser
aumentando o repouso do caminhoneiro que ele vai deixar as drogas”,
complementou Neori Tigrão Leobet, representante do Movimento União Brasil
(que reúne os caminhoneiros autônomos) na ocasião.
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Fonte.: Extra Alagoas
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