A Assembleia Legislativa de São Paulo aprovou ontem projeto que obriga
a divulgação dos nomes de motoristas do Estado que perderam a carteira de
habilitação por dirigir sob efeito de álcool.
Se for sancionada pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB), será criada
uma espécie de lei da "ficha suja" para motoristas, que terão seus
nomes publicados pelo governo no "Diário Oficial".
A proposta foi aprovada sem nenhum voto contrário.
Pelo texto do deputado Cauê Macris (PSDB), vice-líder da bancada
tucana na Assembleia e autor do projeto, a relação de infratores será
divulgada pelo Detran.
Macris diz que Alckmin deve sancionar a lei. O Palácio dos
Bandeirantes afirma que ela ainda será analisada.
Na publicação devem constar nome completo do infrator, número da
habilitação e motivos da punição.
Macris alega que mortes provocadas por motoristas embriagados são
ocorrências cotidianas. "A sociedade é prejudicada por maus condutores
que desrespeitam a lei e não sofrem punição compatível."
Segundo ele, a proposta é inédita no país. Diz que as seguradoras
poderão usar a lista para traçar os perfis dos motoristas "e até
aumentar os custos de quem já foi pego".
Afirma ainda que empresas, por exemplo, também poderão usar esse cadastro
para contratar um motorista.
A lei atual permite publicar listas de carteiras que podem ser
suspensas, para convocar os infratores a fazerem suas defesas. Porém, os
nomes não são publicados, só a numeração, e não apenas nos casos de
embriaguez.
Hoje, motoristas flagrados sob efeito de álcool são multados em R$
1.915 e têm a carteira suspensa por 12 meses. Mas ela só será cassada após
processo administrativo.
'EXPOSIÇÃO VEXATÓRIA'
Para o advogado criminalista Francisco Bernardes Júnior, o projeto fere
a Constituição. "É uma exposição vexatória. Publicar unicamente para que
o nome seja exposto ofende o direito à imagem da pessoa."
O presidente da comissão de Trânsito da OAB do Paraná, Marcelo Araújo,
diz que a divulgação da lista equivale a uma condenação eterna, já que os
nomes podem permanecer na internet. "Além disso, a carteira é nacional.
O procedimento tem que ser uniforme no país."
Segundo a PM, no ano passado 26.157 motoristas foram autuados por
dirigir sob efeito de álcool. Neste ano, foram 3.250 somente até maio. Para
Maurício Januzzi, da Comissão de Trânsito da OAB-SP, a ideia é positiva.
"Mas o ideal é investir no Detran para agilizar processos
administrativos. Para cassar uma carteira, demora até um ano."
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Fonte.: Folha de S. Paulo
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