Os dados do Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo (Detran-SP),
entre 2008 e 2012, mostram: o número de caminhões pesados diminuiu, e o de
veículos utilitários de carga, os chamados VUCs, aumentou muito acima da
média. A situação tem relação direta com as restrições de circulação dos
pesados, especialmente em áreas centrais, implementados na capital paulista
desde 2007.
De acordo com as estatísticas do Detran, o número de VUCs cresceu
cerca de 35% no últimos quatro anos, com 799.292 registrados em setembro de
2012 na capital paulista - no mesmo mês, em 2008, eram 594.832 veículos desse
tipo. Ao comparar o número de caminhões pesados no mesmo período, houve uma
redução de cerca de 7%, com 12.459 veículos a menos. O aumento dos VUCs se
deve à livre circulação concedida pela prefeitura municipal, em qualquer
horário, para estes veículos.
Para o consultor de engenharia urbana Luiz Bottura, é uma tendência
natural. “Não concordo com as restrições, mas seria lógico aumentar de
qualquer maneira o número de VUCs para que essas cargas cheguem aos pontos de
distribuição de maneira mais rápida e que menos incomode o trânsito”, afirma
o especialista. Ainda para ele, faltou pesquisa e embasamento para impor as
restrições de circulação - a mais recente delas, na Marginal Tietê.
A apresentação de alternativas viáveis é uma das principais críticas
de Bottura ao sistema. “Faltou conhecer origem, destino, qualidade e peso do
que carregavam os caminhões, para aí tomar uma atitude mais coerente. Faltam
locais – como os warehouses americanos – que permitam os caminhões pesados
desovarem sua carga para depois utilizar caminhões menores e outros veículos
para distâncias curtas”, completa.
O efeito da maior participação dos caminhões leves no mercado foi
sentido no Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens do
Estado de São Paulo (Sindicam-SP). De acordo com o presidente da entidade,
Norival Almeida, o número de autônomos registrados subiu em cerca de 50 mil
de 2008 para cá. “Muitos que trabalhavam em transportadoras com pesados
resolveram comprar um VUC, abandonando as grandes distâncias e trabalhando
apenas em São Paulo”, conta o representante do Sindicam.
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Fonte.: Terra
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