quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Logística afeta exportação de peras dos EUA ao Brasil


Câmbio e logística formam uma dupla que atrapalha as exportações. Até algum tempo atrás, esse diagnóstico seria facilmente aplicado ao Brasil. Mas, agora, essa análise pode ser adotada para os EUA. O cenário adverso é válido para os produtores americanos de pera, que iniciaram em outubro mais uma temporada de embarques da fruta para o Brasil.

Responsável por mais de 80% da pera produzida nos EUA, a Pear Bureau Northwest (USA Pears), associação que representa os produtores dos Estados de Oregon e Washington, trabalha para sustentar o volume exportado na safra 2011/12, quando os brasileiros compraram 12 mil toneladas da fruta. De clima temperado, a pera é a fruta mais importada pelo Brasil - foram 186,9 mil toneladas entre janeiro e outubro, segundo a Secex. Os EUA são o quarto maior fornecedor, atrás de Argentina, Portugal e Espanha.

"Não temos expectativa de crescimento. O dólar mais apreciado reflete diretamente nas exportações", diz Francesco Sicherle, representante da USA Pears. Além disso, afirma, os embarques dos associados para o Brasil estão próximos de seu "limite" logístico. Um carregamento de pera americana leva 40 dias para chegar até o porto de Santos. "Nosso tempo em trânsito aumentou nos últimos anos. Já estamos perto do limite".

Diante das dificuldades, o Brasil pode perder espaço na tabuleiro das exportações americanas da fruta. Hoje, o país é o terceiro principal destino, com 7% das exportações de pera, atrás de México (46%) e Canadá (18%). "Seremos seguidos bem de perto por Rússia, Índia e Colômbia", aposta Sicherle. Em 2011/12, as exportações totais de pera dos EUA se aproximaram de 170 mil toneladas.
A perda de competitividade das exportações da fruta para o Brasil, que se aprofundou neste ano com o câmbio, conta com mais dois ingredientes: a retomada do mercado interno dos EUA e a quebra da produção global neste ciclo 2012/13.

"O mercado americano está aquecido. Então, você consegue bons preços sem precisar viajar tanto", afirma Sicherle. Ele estima que, nesta safra, os EUA representarão 70% das vendas da pera produzida pelos agricultores de Oregon e Washington, ante os 63% da safra passada. "Se continuar no atual ritmo, as exportações não passam de 30%", diz o executivo.

O representante da USA Pears lembra, ainda, que as condições climáticas derrubaram a produção de pera em quase todo o continente europeu, com quebras em importantes produtores, como Espanha e Portugal. "Na Europa, o único que não teve prejuízo foi a Polônia", afirma.

Com a menor colheita europeia, ele prevê que as exportações americanas abocanhem mercados que oferecem melhores preços, em detrimento do Brasil. Porém, esse espaço não será tão grande, já que a colheita americana sofreu com o inverno severo de 2011. Em 2012/13, os EUA devem colher 19 milhões de caixas, ante as 21 milhões do ciclo passado.

Fonte.: Valor Econômico