A cada quatro acidentes, um deles envolve caminhões. Por isso, a partir
do dia 15 de setembro passará a valer no país a nova legislação trabalhista
para motoristas de caminhão e de ônibus. A cada quatro horas ao volante eles
terão direito a intervalo com meia hora de descanso. Nesta quarta-feira (25),
em vários estados, motoristas fizeram protesto contra o Governo Federal. Em
Barra Bonita (SP), alguns motoristas também pararam. Já em Ourinhos, os
caminhoneiros que passaram pela BR-153 foram orientados sobre a nova lei.
Até o fim
do mês, o trabalho da Polícia Rodoviária Federal e do Ministério Público do
Trabalho será de orientação, que regulamenta o tempo de trabalho e de descanso.
A polícia vai usar as informações do tacógrafo para fazer a fiscalização.
Números da polícia revelam que, só no ano passado, metade dos 192 mil acidentes
nas rodovias federais envolveu caminhões: 4.404 motoristas que se envolveram em
acidentes e sobreviverem disseram que dormiram ao volante. Alguns confirmaram
que para vencer o cansaço tomaram remédios para tirar o sono. Para o Ministério
Público do Trabalho, a nova legislação é uma vitória para a categoria.
A nova
lei nem entrou em vigor e já preocupa muita gente. Na opinião dos
caminhoneiros, a maioria dos postos não tem estrutura para acomodar todos
durante os intervalos obrigatórios. "As rodovias nossa, além de estar em
mal estado de conservação, os postos são em distâncias longas devido à concorrência.
Para a gente dormir nos postos é preciso abastecer. Porque, geralmente, os
guardas que fazem a manutenção não deixam a gente dormir. No acostamento a
gente não pode parar porque corre o risco de ser assaltado e perder o caminhão.
E o trajeto longo do jeito que a gente faz são 6 horas sem parar. E não tem
condição de parar. Porque se você parar é assaltado", disse o motorista
José Aparecido Maradona.
Outro
caminhoneiro também concorda. "Não tem uma sala de televisão. Não tem nada
para o motorista. E outra, a maioria a gente tem que pagar estacionamento
hoje", contou José Simões. O pátio de posto de combustíveis em Marília é
grande. Motoristas de várias partes do país param no local para descansar. A
preocupação do gerente é com a falta de espaço para receber os caminhões.
"Eu acho que o governo deveria fazer pontos de parada nas rodovias. É o
único jeito que tem. Agora eles põem a lei e tem que parar. E vai parar onde?
Na beira da pista? Não vai! O cara quer parar aqui e aí eu vou ter problema
porque não sei o que vai dar, não", informou o gerente de posto, Dirceu de
Rossi.
O
representante do Sindicato dos Motoristas de Marília disse que o governo já
está pensando em uma solução para o problema. “A solução para os motoristas é
que eles precisam ter posto de parada. Vai ter posto para estar dando um apoio
nas redes de estrada. Vai se montado pelo Governo Federal. Isso aí já tá sendo
estudado dentro da presidência e esses postos de parada vão sair do
papel", disse Moacir Baldicera.
Fonte: G1